Resquícios de DNA neandertal
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Em comunicado oficial, o coautor do estudo e professor de epidemiologia e bioestatística da Universidade da Califórnia, Tony Capra, afirmou que o novo estudo descobriu que o DNA neandertal que permanece nos humanos modernos devido ao cruzamento entre as espécies tem um efeito significativo e direcional nas pessoas de hoje em dia.
À medida que os ancestrais dos euro-asiáticos — indivíduos que moravam em regiões desde as Ilhas Britânicas até as montanhas na Sibéria — começaram a migrar para fora da África há cerca de 70 mil anos. Nesse período, eles foram expostos a novos
ambientes de latitudes mais altas, com estações, temperaturas e níveis de exposição à luz mais variados.
Aqueles que chegaram à Eurásia cruzaram com a população existente na região. Isso significa que diversos humanos primitivos cruzaram inicialmente com neandertais e
posteriormente com outros ancestrais, como os denisovanos. Isto criou o potencial para os humanos obterem variantes genéticas já adaptadas a estes novos ambientes.
“Em latitudes mais altas há mais variação sazonal nos ciclos de luz/escuridão ao longo do ano do que em latitudes mais equatoriais”, escreveu Capra. A descoberta pode ajudar a compreender melhor os padrões de sono de hoje em dia, uma vez que o trabalho por
turnos e outras tecnologias tendem a afetar os nossos hábitos inatos de sono.
Mudanças no ritmo circadiano
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O ritmo circadiano dos seres humanos é um guia natural para o corpo durante o ciclo de 24 horas. Por exemplo, é isso que nos diz quando é hora de comer, dormir e acordar.
Esses ritmos “intrínsecos” adaptam a biologia dos animais e das plantas ao ciclo de luz e escuridão da Terra. Muitas vezes, quando as pessoas têm dificuldade para dormir ou
permanecer acordadas, isso acontece porque seus ritmos circadianos ficaram
desequilibrados. Essas alterações podem acontecer seja por fatores como estresse, depressão,
ansiedade e hipertireoidismo, ou trabalho em turnos.
Nesse novo estudo, os pesquisadores definiram um conjunto de 246 genes relacionados ao ritmo circadiano e encontraram centenas de variantes genéticas com potencial para
influenciar esse relógio biológico. Usando inteligência artificial para analisar as variantes genéticas, descobriram que era possível que alguns humanos pudessem ter obtido
variantes circadianas dos neandertais.
“A propensão para ser uma pessoa matutina poderia ter sido evolutivamente benéfica para os nossos antepassados que viviam em latitudes mais elevadas na Europa e,
portanto, teria sido uma característica genética do Neandertal que vale a pena preservar”, afirma o estudo.
Por fim, os pesquisadores também alegam que ter DNA de neandertais em algumas
partes do nosso genoma pode trazer diversos benefícios, como no sistema imunológico e até mesmo no metabolismo.

