Ditadura 19/11/2025 15:24
Por que os EUA devem derrubar Nicolás Maduro

Donald Trump disse na sexta-feira, 14, que já havia “meio que” decidido seu plano para a Venezuela, mas que “não podia dizer qual seria”.
Com um grupo de ataque de porta-aviões e cerca de 15 mil militares mobilizados na região, é difícil imaginar que a decisão do presidente seja recuar e voltar para casa.
Tenho me manifestado abertamente pedindo que o governo aja contra a ditadura de Nicolás Maduro em Caracas —uma coluna que escrevi em janeiro foi publicada com o título “Deponha Maduro”.
Com a guerra iminente, possivelmente em questão de dias, vale a pena reiterar o argumento —e refletir sobre as maneiras pelas quais ele poderia dar errado.
Vamos analisar ponto por ponto.
Sim, e não é apenas aquele sobre o qual o governo tanto fala: o tráfico de drogas.
Não que haja muita dúvida de que o regime esteja profundamente envolvido com o narcotráfico, mesmo que haja questionamentos sobre se Maduro realmente comanda um cartel.
A análise mais cuidadosa que conheço, um relatório de 2022 do think tank InSight Crime, observa que o “papel principal” do ditador e seus capangas é “garantir que o sistema de narcotráfico funcione em benefício do regime, colocando pessoal corrupto e leal em posições políticas e militares estratégicas”.
Mas o maior desafio imposto pelo regime de Maduro é que ele é, ao mesmo tempo, importador e exportador de instabilidade. Importador, porque os laços econômicos e estratégicos estreitos do regime com a China, a Rússia e o Irã dão aos inimigos dos Estados Unidos uma posição significativa nas Américas —uma posição que Teerã, segundo relatos, poderia usar para a produção de drones kamikaze.
Exportador, porque a má administração catastrófica do regime gerou um êxodo em massa de refugiados e migrantes —quase 8 milhões até agora— com resultados desastrosos em todo o hemisfério. Ambas as tendências continuarão enquanto o regime permanecer no poder.
As sanções econômicas contra o regime durante o primeiro mandato de Trump tiveram o efeito esperado: empobrecer a população comum e permitir que o regime se consolidasse por meio do controle de bens cada vez mais escassos.
O governo de Joe Biden buscou uma distensão com o regime, aliviando algumas dessas sanções, apenas para restabelecê-las após concluir que Maduro havia descumprido as promessas de reformas democráticas. As eleições do ano passado, vencidas com folga pela oposição, foram fraudadas.
Restam, portanto, duas alternativas plausíveis. A primeira, sugerida por Maduro, é conceder aos Estados Unidos uma participação na vasta riqueza mineral da Venezuela, em troca de sua permanência no poder. Para minha surpresa, Trump rejeitou esse acordo quase colonialista.
A segunda é usar a força para persuadir Maduro e seus principais assessores a fugirem do país, assim como fizeram Bashar al-Assad e seus aliados na Síria. Para minha surpresa também, isso não aconteceu. Pelo menos ainda não.
No domingo, Trump disse que estava considerando conversar com Maduro, talvez para tornar essa última opção mais atraente.
Fora da Coreia do Norte, poucos governos causaram tanto sofrimento a um número tão grande de pessoas quanto o da Venezuela.
Fome, brutalidade política, corrupção, colapso social, violência endêmica, colapso do sistema de saúde, catástrofes ambientais —a única coisa mais chocante do que a autodestruição deste país outrora rico é a relativa indiferença à catástrofe, pelo menos entre os mesmos que, de costume, gostam de se lamentar pelo sofrimento alheio.
Por que Greta Thunberg não embarcou para Caracas com entregas simbólicas de alimentos?
Qualquer pessoa com um mínimo de consciência moral deveria desejar o fim disso. A questão crucial é se a intervenção americana pioraria ainda mais a situação.
Intervenção significa guerra, e guerra significa morte: mesmo a rápida e eficaz derrubada de Manuel Noriega, no Panamá, em 1989, resultou na perda de 26 americanos e centenas de panamenhos. As forças de Maduro, melhor armadas, poderiam oferecer uma resistência considerável.
Ou poderiam recuar para o interior e iniciar uma insurgência, talvez unindo-se aos narcotraficantes do outro lado da fronteira, na Colômbia.
A lei das consequências não intencionais é irrevogável. Mas também existem diferenças importantes entre a Venezuela e o Iraque ou a Líbia. Entre elas, a presença de um líder democraticamente eleito, Edmundo González, que poderia governar com legitimidade imediata e amplo apoio popular.
Incluem também a clara relutância de Trump em enviar tropas americanas para o solo venezuelano por um período prolongado.
E incluem o fato de que podemos aprender com nossos erros do passado, principalmente prometendo anistia imediata e empregos para soldados, policiais e funcionários públicos do regime atual que não estejam envolvidos em seus crimes.
As consequências não intencionais devem ser ponderadas em relação aos riscos previsíveis da inação. Se Trump recuar ou realizar ataques limitados contra locais ligados ao narcotráfico, permitindo que Maduro sobreviva, o ditador venezuelano verá isso, com razão, como uma retumbante vitória e uma vindicação.
Os EUA terão conseguido apenas fortalecer sua determinação em se manter no poder, em vez de renunciá-lo. E a hesitação de Trump será interpretada, especialmente em Moscou e Pequim, como um sinal revelador de fraqueza que só pode encorajá-los, assim como aconteceu com a retirada do presidente Joe Biden do Afeganistão.
Maduro deve ter uma última chance de embarcar em um voo com quem e o que puder levar consigo e partir ileso e sem ser perseguido —seja para Havana, Moscou ou outra capital amiga.
Caso contrário, ele merece o mesmo tratamento que Noriega: captura e transferência para os EUA para responder às acusações, acompanhada da destruição das defesas aéreas e das capacidades de comando e controle da Venezuela, da apreensão de suas principais bases militares e de mandados de prisão para todos os oficiais superiores —com promessas de clemência para aqueles que se entregarem.
“Se você começar a tomar Viena, tome Viena”, teria dito Napoleão a um de seus generais. O mesmo vale para Caracas, presidente.
Deu no Estadão
Descrição Jornalista
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