A verdade sombria por trás da IA: data centers estão sugando água e energia do planeta - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Inteligência Artificial 27/10/2025 16:12

A verdade sombria por trás da IA: data centers estão sugando água e energia do planeta

A verdade sombria por trás da IA: data centers estão sugando água e energia do planeta

O avanço da inteligência artificial (IA) está impulsionando uma corrida mundial pela construção de data centers, estruturas essenciais para armazenar e processar grandes volumes de dados.

No entanto, essa expansão vem acompanhada de uma preocupação crescente: o impacto ambiental causado pelo elevado consumo de água e energia elétrica dessas instalações.

Empresas como Google, Microsoft, Amazon, OpenAI e Meta estão liderando a expansão desses centros tecnológicos, que já se espalham por dezenas de países e despertam alertas sobre sustentabilidade e esgotamento de recursos naturais.

Explosão global de data centers e o peso ambiental da IA

Foto: Shutterstock

De acordo com dados do Synergy Research Group, cerca de 60% dos 1.244 maiores data centers do planeta já se encontram fora dos Estados Unidos, com novos projetos surgindo em países como México, Irlanda, Chile, Brasil e Índia.

O crescimento é impulsionado pelo aumento da demanda por modelos de IA cada vez mais complexos, que exigem infraestruturas robustas e intensivas em energia.

Essas instalações utilizam quantidades colossais de eletricidade para alimentar servidores e milhões de litros de água para resfriar os sistemas.

Na Irlanda, por exemplo, os data centers já consomem mais de 20% da energia nacional. No Chile, há risco de esgotamento de aquíferos, e no México, regiões inteiras enfrentam apagões e escassez de água. O Brasil também acompanha a tendência com atenção, diante da possibilidade de enfrentar desafios semelhantes.

Falta de transparência e incentivos governamentais preocupam ambientalistas

Um dos principais problemas apontados por especialistas é a falta de transparência sobre o verdadeiro impacto desses empreendimentos.

Gigantes da tecnologia costumam operar por meio de subsidiárias e contratos confidenciais, o que dificulta o monitoramento do uso de recursos naturais.

Governos, por sua vez, veem os data centers de IA como motores de desenvolvimento econômico e, por isso, oferecem terrenos subsidiados, isenções fiscais e energia a custos reduzidos, muitas vezes sem exigir contrapartidas ambientais.

Isso tem levado ativistas a acusarem as autoridades de adotar uma postura de “cegueira regulatória” diante dos impactos sociais e ecológicos.

Comunidades sentem os efeitos: escassez e doenças

Em Querétaro, no México, moradores relatam que os apagões e a falta d’água pioraram após a instalação de um grande complexo de data centers da Microsoft. Em algumas aldeias, como La Esperanza, surtos de doenças como hepatite foram registrados devido à falta de água limpa.

“Esses projetos envolvem milhões de dólares, mas quase nada chega às comunidades afetadas”, disse o médico Victor Bárcenas, responsável por uma clínica local.

Casos semelhantes se repetem em outros países, alimentando protestos e ações judiciais contra novos empreendimentos.

Irlanda e Europa lideram resistência ambiental

A Irlanda tornou-se um dos epicentros da resistência contra os data centers. O país, que antes acolhia gigantes da tecnologia, agora enfrenta limitações no fornecimento de energia e protestos de ambientalistas.

Movimentos como o People Before Profit e ativistas renomados, incluindo a escritora Sally Rooney, têm denunciado os riscos de sobrecarga energética e destruição ambiental.

Segundo a Agência Internacional de Energia, até 2035, os data centers globais poderão consumir tanta eletricidade quanto a Índia inteira, o país mais populoso do mundo.

Um único centro de dados pode utilizar até 1,9 milhão de litros de água por dia, o equivalente a uma piscina olímpica.

O dilema da era digital: progresso versus sustentabilidade

Apesar das promessas de inovação e geração de empregos, o avanço desenfreado da infraestrutura digital impõe um dilema urgente: como equilibrar o progresso tecnológico com a preservação ambiental.

Empresas afirmam investir em soluções como reciclagem de água e energia renovável, mas ativistas alertam que as medidas ainda são insuficientes.

Por fim, a pegada ecológica da IA cresce em ritmo acelerado, e o desafio global agora é garantir que o futuro digital não custe o colapso ambiental do planeta.

Deu em Capitalist
Ricardo Rosado de Holanda
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