Intenção de consumo das famílias atinge menor nível em dois anos - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Consumidor 26/09/2025 08:41

Intenção de consumo das famílias atinge menor nível em dois anos

Intenção de consumo das famílias atinge menor nível em dois anos

Aferida mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) voltou a cair em setembro depois da queda de agosto, atingindo os 101,6, o menor patamar desde julho de 2023.

O índice recuou 0,9% em relação ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, e acumula retração de 1,9% frente a setembro de 2024.

O levantamento mostra que a disposição do consumidor segue perdendo fôlego entre todas as faixas etárias. Os lares com ganhos inferiores a 10 salários mínimos caíram 0,8% em relação aos últimos 30 dias e 1,4% no comparativo com 12 meses atrás.

Entre as famílias com rendimento superior a 10 salários mínimos, a retração foi mais acentuada: 3,4% na variação anual e de 1,4 na mensal.

Entre os componentes do ICF, a maior queda no ano veio do item Momento para Duráveis, que recuou 6,9% com o resultado negativo de 0,6% no mês. Sendo o subindicador mais sensível à política monetária, o resultado evidencia a dificuldade das famílias em adquirir produtos de maior valor, como eletrodomésticos e automóveis.

A Renda Atual também mostrou enfraquecimento, com retração anual de 3,8%, a segunda maior do levantamento, sinalizando que a inflação segue corroendo o salário das famílias (-0,6% no mês). Com isso, o Nível de Consumo Atual caiu 1,8% frente a agosto e 1,2 a setembro de 2024.

O item Emprego Atual registrou alta de 0,1% em setembro, mas na comparação anual, houve queda de 1,9%. Já a Perspectiva Profissional recuou 1,7% em 30 dias, interrompendo a sequência de alta, igualando resultado do ano anterior.

“O resultado de setembro indica que as famílias estão receosas sobre a continuidade da geração de empregos, ao mesmo tempo em que enfrentam restrições no crédito e juros elevados. Esse cenário limita o consumo e gera o alerta sobre a necessidade de preservar o poder de compra da população”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Crédito divide opiniões

O Acesso ao Crédito foi o único item analisado a apresentar crescimento no comparativo anual, com avanço de 1,5% (95,2 pontos). O percentual de famílias que consideram mais fácil a obtenção subiu para 33%, a maior taxa desde abril de 2020.

No entanto, o indicador caiu 0,6% em relação a agosto, refletindo a cautela diante do aumento do endividamento e da inadimplência, que atingiu o maior nível da série histórica da CNC.

“A pesquisa deixa clara a existência de um paradoxo: apesar da percepção do acesso ao crédito ser maior, o uso permanece contido, refletindo o impacto da taxa Selic elevada e o risco de desequilíbrio financeiro das famílias”, observa o economista da CNC João Marcelo Costa.

Deu no Portal da CNC

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista