Insônia crônica pode envelhecer seu cérebro em até 3,5 anos, aponta estudo - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
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Saúde 14/09/2025 05:43

Insônia crônica pode envelhecer seu cérebro em até 3,5 anos, aponta estudo

Insônia crônica pode envelhecer seu cérebro em até 3,5 anos, aponta estudo

Pessoas com insônia crônica, conforme envelhecem, podem apresentar mais alterações cerebrais que causam declínio na memória e na capacidade de pensar.

É isso que revela um estudo sobre o distúrbio, publicado nesta quarta-feira (10) na revista Neurology.

A insônia crônica se caracteriza pela dificuldade de dormir ou manter o sono de forma persistente, pelo menos 3 dias por semana, durante 3 meses ou mais. O estudo demonstrou que pessoas com o distúrbio possuem um risco 40% maior de demência ou de comprometimento leve da capacidade cognitiva — o que equivale a um envelhecimento cerebral adicional de 3,5 anos.

“A insônia não afeta apenas como você se sente no dia seguinte — ela também pode impactar a saúde do seu cérebro ao longo do tempo”, disse o coautor do estudo, Diego Carvalho, em comunicado.

“Observamos um declínio mais rápido nas habilidades de pensamento e mudanças no cérebro que sugerem que a insônia crônica pode ser um sinal de alerta precoce ou até mesmo um fator que contribui para futuros problemas cognitivos.”

Análise com idosos

Para obter os resultados do estudo, a equipe acompanhou durante quase 6 anos um total de 2.750 idosos saudáveis cognitivamente, com idade média de 70 anos. Deste grupo, 16% dos participantes tinham insônia crônica.

No começo da pesquisa, os participantes foram questionados sobre o tempo que tinham dormido nas últimas duas semanas. Além disso, eles foram submetidos a testes de raciocínio e memória. Uma parcela das pessoas realizou exames de imagem no intuito de investigar alterações na substância branca do cérebro — presente em regiões que indicam dano do tecido cerebral ocasionado por alguma doença.

Além disso, a equipe também queria verificar a presença de placas amiloides no cérebro, que são depósitos de uma proteína chamada beta-amiloide, cujo acúmulo está associado ao Alzheimer.

Entre os idosos com insônia crônica, cerca de 14% apresentaram o desenvolvimento de demência ou implicações cognitivas leves, em comparação com 10% dos idosos sem insônia.

Com isso, os pesquisadores concluíram que o grupo tinha 40% mais chances de desenvolver implicações cognitivas. Além disso, esses indivíduos apresentaram comprometimento em testes que mediam capacidade de raciocínio.

Aqueles que relataram dormir menos que o habitual tendiam a ter pontuações mais baixas em testes de cognição, além de atividades mais intensas na substância branca do cérebro e nas placas amiloides.

Além disso, pessoas com um maior risco de Alzheimer ou portadoras do gene APOE ε4 exibiram um maior comprometimento da capacidade cognitiva e na memória.

“Nossos resultados sugerem que a insônia pode afetar o cérebro de diferentes maneiras, envolvendo não apenas as placas amiloides, mas também pequenos vasos que irrigam o cérebro”, afirma Carvalho.

“Isso reforça a importância do tratamento da insônia crônica — não apenas para melhorar a qualidade do sono, mas potencialmente para proteger a saúde do cérebro à medida que envelhecemos”.

Embora a pesquisa apresente algumas limitações, como a subnotificação dos casos de insônia em registros médicos, segundo o pesquisador, os resultados também se agregam às evidências de que o sono não se resume apenas ao descanso — também se refere à resiliência cerebral.

Deu em Galileu
Ricardo Rosado de Holanda
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