Roberto Serquiz, industrial, Presidente do Sistema FIERN

Não podemos ficar isolados; não deveríamos tratar assuntos políticos buscando efeitos na economia; as demandas judiciais não podem se afastar das lições básicas do devido processo legal e ampla defesa.

Em um País muito polarizado entre duas principais correntes de pensamento, não raro, falar sobre razoabilidade, moderação tem pouca audiência. Mas, acima de eventual preferência, deveria imperar a responsabilidade, o bom-senso!

Estamos diante de uma certeza: o Presidente Donald Trump assinou o “tarifaço”. E o fez inserindo exceções.

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) calculou que a lista de exceções ao tarifaço representa 43,4% do total das exportações brasileiras os EUA.

O decreto detalhou 694 produtos específicos isentos. Mas, o Rio Grande do Norte foi alcançado fortemente pela confirmação do “tarifaço”, sobretudo, no que se refere aos segmentos industriais do sal, pesca, balas e caramelos. Cenário grave, preocupante!

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se antecipou e propôs ao Governo Federal a adoção de medidas de apoio às empresas brasileiras.

Segundo o Presidente Ricardo Alban: “Nossas propostas buscam mitigar os efeitos econômicos adversos aos setores afetados pelas barreiras, preservar a capacidade exportadora das empresas brasileiras e garantir a continuidade das operações internacionais em um cenário de alta imprevisibilidade”.

Por sua vez, no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte, o Sistema FIERN e as demais instituições representativas dos empreendedores também levaram algumas sugestões que, parcialmente, já foram acolhidas pelo Governo do Estado no sentido de que, em um contexto mútuo de colaboração, possamos reagir ao cenário que está se confirmando.

O governo deu passos iniciais importantes e necessários, publicando um decreto no qual aumenta os benefícios do PROEDI para as empresas exportadoras.

Reconhecemos o esforço, contudo precisamos ficar vigilantes porque talvez tenhamos a necessidade de ampliar as medidas já anunciadas. O diálogo foi inaugurado e há sensibilidade de todas as partes envolvidas para as avaliações devidas diante da complexidade do momento.

De fato, nosso esforço deve ser no sentido de sairmos, urgentemente, do embate político e construirmos, a partir de criteriosa discussão técnica, soluções negociadas para o impasse que, repito, afeta diretamente a indústria potiguar. É preciso insistir com a negociação; com a instauração de medidas mitigatórias; com a busca do bom-senso!

O Brasil não pode caminhar para um isolamento internacional. O nosso País, gigante pela própria natureza, exige de todos nós uma articulação interna e responsável que repercuta internacionalmente, renovando e confirmando o protagonismo de amizade e paz que o Brasil sempre exerceu.