Seu cérebro pode começar a comer a si próprio durante uma maratona - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado
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Atividades físicas 04/04/2025 14:15

Seu cérebro pode começar a comer a si próprio durante uma maratona

Seu cérebro pode começar a comer a si próprio durante uma maratona

Durante maratonas, o cérebro de corredores pode recorrer à própria gordura como fonte de energia. Um estudo publicado na revista científica Nature Metabolism aponta que, quando os níveis de glicose ficam perigosamente baixos, o organismo passa a consumir a mielina, substância gordurosa que reveste as fibras nervosas e auxilia na transmissão de sinais neurais.

Os cientistas chamam esse fenômeno de “plasticidade metabólica da mielina”.

O estudo sugere que, sob esforço extremo, o cérebro pode recorrer à mielina como fonte emergencial de energia, e que a substância pode funcionar como um tipo de reserva energética para o cérebro em situações extremas. Como correr 42.195 metros, por exemplo.

Como funcionou o estudo

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram, por meio de ressonância magnética, o cérebro de dez maratonistas antes e depois de uma corrida de 42,195 quilômetros.

Entre 24 e 48 horas seguintes à prova, foi observada uma queda significativa nos marcadores de mielina nas regiões cerebrais associadas à função motora, coordenação, integração sensorial e emocional.

A recuperação desse material, no entanto, leva tempo: os sinais de mielina só começam a reaparecer duas semanas após a prova, e a estabilização completa pode levar até dois meses. Felizmente, os efeitos dessa perda parecem ser leves e temporários.

Segundo o artigo, esse estudo “pode abrir uma nova visão sobre a mielina como um estoque de energia pronto para ser usado quando os nutrientes comuns do cérebro estão em falta”.

Os achados desafiam a ideia de que o cérebro evita consumir gordura como fonte de energia, mesmo sob estresse nutricional. Essa adaptação pode ter tido um papel evolutivo importante: a mielina é mais abundante nas regiões cerebrais mais recentemente evoluídas e pode ter permitido que nossos ancestrais caçassem por longos períodos sem comprometer a cognição.

Deu em Galileu

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


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