Apesar de registrar em maio um saldo positivo de 2.220 empregos formais, o mercado de trabalho potiguar apresentou sinais mistos, refletindo um cenário de recuperação pontual, mas ainda desigual entre os setores.
Impulsionada pela indústria — que liderou a geração de vagas no mês —, a economia do Rio Grande do Norte viu setores como construção civil e comércio indicarem retomada, enquanto o setor de serviços enfrentou oscilações sazonais.
Para a Federação das Indústrias (Fiern), o resultado do setor aponta para um processo de recuperação e tendência, mas requer análise cuidadosa do cenário como um todo.
A construção civil apresentou saldo modesto em maio, com apenas 65 novas vagas, contra 695 empregos criados em maio de 2024.
No acumulado do ano, contudo, soma 2.626 empregos formais. “Isso traz um panorama, uma tendência para 2025, consolidada, liderada pela construção civil, que passa por uma revitalização com a recente revisão do Plano Diretor”, diz Serquiz.
Na agropecuária, o saldo de maio foi positivo, com 356 novas vagas, acima dos 42 empregos criados no mesmo mês de 2024. Porém, no acumulado do ano, o setor apresenta saldo negativo de -4.040 empregos.
A Federação da Agricultura do RN (Faern) avaliou que o comportamento segue padrão sazonal. “Trata-se de um comportamento cíclico, vinculado à sazonalidade da agropecuária, influenciada pelo calendário da safra. Os picos de contratação ocorrem em momentos específicos”, diz José Vieira, presidente da instituição.
A Faern destacou ainda que as contratações devem ganhar força a partir de agosto, puxadas pela fruticultura e que devem superar 2024. “Já havíamos nos posicionado pelo crescimento da safra neste ano. As expectativas de contratação também devem superar os números de 2024”, afirma.
O setor de serviços, maior empregador do RN, apresentou retração expressiva em maio, com um saldo de -1.524 empregos, um contraste com maio de 2024, quando o setor criou 1.521 postos formais.
“A reversão é explicada quase exclusivamente pelo recuo no segmento de seleção, agenciamento e locação de mão de obra, que cortou 2.666 postos em maio. Esse comportamento revela a volatilidade do emprego temporário no RN, particularmente ligado a contratos de terceirização em setores como limpeza urbana, segurança e logística”, explicou o presidente da Fecomércio-RN, Marcelo Queiroz.
Por sua vez, o setor do comércio criou 349 vagas em maio, acima das 64 geradas no mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, soma saldo positivo de 596 empregos.
Apesar das 2.220 vagas de trabalho formal criadas no RN, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), o saldo foi menor do que o de maio de 2024 (2.888).
No total, o RN aumentou o estoque de empregos para 541.429, crescimento de 0,41% em relação abril (539.209).
Estímulo à economia
Para o novo secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec), Alan Silveira, o saldo positivo de maio reflete o esforço do governo, por meio de programas, ações e incentivos às empresas, indústrias e ao setor agropecuário.
“A tendência é que esse número continue crescendo. Destaco o Proedi, nosso programa de estímulo industrial, que hoje beneficia 309 empresas, impactando diretamente na geração de empregos”, avalia.
Segundo ele, o Proedi gera 54.712 empregos diretos e terceirizados no RN, sendo 30.566 diretos e 24.146 terceirizados. O secretário destacou ainda que Natal ampliou sua participação para 23,41% dos empregos gerados, enquanto Mossoró subiu de 12,43% para 13,27%.
“Os dados mostram que ainda há concentração na mesorregião do Leste Potiguar, mas outras regiões vêm crescendo, como o Oeste e, mais recentemente, o Agreste”, afirma Silveira.