Futebol 19/05/2025 08:18
CBF: eleição-relâmpago consolida velhos vícios e expõe traições entre clubes
A sucessão na CBF parecia uma disputa em aberto, mas foi decidida em velocidade recorde — e por dentro do velho jogo da entidade.
A chapa liderada por Samir Xaud, médico e recém-empossado presidente da federação de Roraima, surpreendeu pela agilidade e consolidou maioria entre federações e clubes antes mesmo da reta final do prazo para inscrições.
O movimento enterra, ao menos por ora, as pretensões de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, que chegou com apoio de cerca de 30 clubes, mas sem a força mínima de oito federações para registrar chapa.
Ao lado de oito vices, entre eles nomes como Fernando Sarney, Flávio Zveiter e Michelle Ramalho, Xaud virou o jogo quando angariou apoio de 25 das 27 federações — São Paulo e Mato Grosso ficaram de fora.
A movimentação foi tão eficaz quanto silenciosa: bastaram alguns acenos de mudanças no calendário e promessas de investimentos em arbitragem para virar o voto de clubes como Vasco, Botafogo, Volta Redonda, CRB, Criciúma e até do Grêmio e do Palmeiras, que inicialmente eram neutros ou simpáticos à candidatura de Reinaldo.
Traições e realinhamentos
A candidatura de Reinaldo era, na prática, a candidatura dos clubes. Articulada entre Libra e LFU, reunia o grosso das agremiações da Série A.
Mas pecou por um erro crucial: não ter reunido as federações a tempo.
Enquanto clubes como Flamengo, São Paulo, Corinthians, Atlético-MG e Fortaleza sustentaram apoio à proposta de renovação, outros preferiram aderir ao que já conhecem — a engrenagem antiga da CBF.
Traíram a articulação original:
• Vasco, que saiu da neutralidade e abriu caminho para o grupo de Xaud;
• Botafogo, que seguiu na sequência;
• Criciúma, CRB e Amazonas, que assinaram o texto dos clubes, mas mudaram de lado;
• Grêmio e Palmeiras, que se diziam neutros, mas aderiram na reta final.
Velha guarda, novo rosto
O discurso da chapa “Futebol para Todos – Transparência, Inclusão e Modernização” vende renovação, mas os nomes entregam a permanência do velho sistema. Dos oito vices de Xaud, vários são veteranos ou figuras tradicionais da CBF, incluindo dirigentes com histórico de alinhamento à gestão de Ednaldo Rodrigues, afastado por decisão judicial.
Xaud, inclusive, sucedeu o próprio pai, Zeca Xaud, no comando da Federação Roraimense — uma das mais antigas dinastias em atividade no futebol brasileiro.
Ednaldo à espreita
Enquanto a nova chapa se consolida, há uma pendência jurídica no horizonte. A defesa de Ednaldo Rodrigues segue ativa no Supremo Tribunal Federal (STF), onde tenta reverter sua destituição.
Caso tenha sucesso, o médico infectologista Samir Xaud pode nem assumir. Mas, se Ednaldo voltar, será num clima constrangedor: sem ter sido consultado, viu federações e clubes que o apoiavam agirem com pressa e frieza para tirá-lo do jogo.
Deu em Jornal de Brasília
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