Oceanos 09/05/2025 15:06
Fundo do mar: conhecemos apenas 0,001%
Apesar da importância da observação visual no oceano, nós só temos imagens de uma fração minúscula do fundo do mar. Sessenta e seis por cento de todo o planeta é oceano profundo (≥ 200 m). Mesmo assim, nossos dados mostram que observamos visualmente menos de 0,001%…
Dados coletados de aproximadamente 44.000 mergulhos indicam que também observamos uma amostra incrivelmente tendenciosa. Sessenta e cinco por cento de todas as observações visuais in situ do fundo do mar em nosso conjunto de dados estavam dentro de 200 milhas de apenas três países:
Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia. Noventa e sete por cento de todos os mergulhos que compilamos foram conduzidos por apenas cinco países: Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, França e Alemanha. Essa amostra pequena e tendenciosa é problemática ao tentar caracterizar, entender e gerenciar um oceano global’.
Esta é a apresentação de um novo estudo publicado na Science Advances,
O oceano profundo, ou seja, as águas abaixo de 200 metros, sustenta diversos ecossistemas e fornece serviços essenciais.
Isso inclui a produção de oxigênio, regulação climática e descobertas farmacêuticas cruciais, e desempenha um papel crítico na manutenção da saúde do planeta.
A imagem visual é um dos métodos mais críticos para estudar o fundo do mar profundo e é um dos três principais pilares da exploração oceânica, juntamente com mapeamento e amostragem.
Para Katy Croff Bell, presidente da Ocean Discovery League, e principal autora do estudo, ‘enquanto enfrentamos ameaças aceleradas para o oceano profundo – da mudança climática ao potencial de mineração e exploração de recursos – essa exploração limitada de uma região tão vasta se torna um problema crítico tanto para a ciência quanto para a política’.
Para enfrentar esses desafios, os pesquisadores pedem a expansão dos esforços de exploração e a utilização de tecnologias emergentes para aumentar o acesso ao oceano profundo. Com os avanços em ferramentas de águas profundas menores e mais acessíveis, há uma oportunidade de ampliar o alcance da comunidade científica, incluindo nações de baixa e média renda na exploração e pesquisa oceânica, diz o site da Ocean Discovery League.
O New York Times, que também repercutiu a novidade, lembra que este tipo de exploração começou apenas nos anos 50. A era da documentação visual incluída no estudo começou em 1958, com o submarino Trieste.
As imagens coletadas desde então permitem que os biólogos descubram novos organismos e observem como eles interagem uns com os outros e seus ambientes, fornecendo insights sobre os ecossistemas oceânicos.
O Times abordou os custos e as dificuldades de exploração, em conversa com Katy Croff Bell. ‘Explorar um quilômetro quadrado de fundo do fundo do mar pode custar de US$ 2 milhões a US$ 20 milhões’, estimou. ‘Os mergulhos podem levar anos para se preparar e apenas horas para dar errado.
E uma vez que um mergulho está em andamento, ele progride lentamente. Um rover amarrado a um navio tem um raio limitado de exploração, movendo-se em um rastejamento, e realocar o navio é tedioso’.
O jornal destaca que o relatório mostra como os seres humanos documentaram visualmente apenas cerca de 1.470 milhas quadradas — ou 0,001% — do fundo do mar.
O dado surge no momento em que várias nações discutem a possibilidade de explorar os fundos marinhos em busca de minerais estratégicos.
O presidente dos Estados Unidos reforçou esse caminho ao assinar uma ordem executiva para acelerar a mineração submarina.
Triste coincidência: os números aparecem justamente na era Trump, líder da nação mais rica do planeta, notório por desprezar a ciência e iniciar seu governo com demissão em massa na NOAA, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, e em outros órgãos semelhantes.
Deu em Mar sem Fim
https://marsemfim.com.br/
Postada em 8 de maio de 2025
Descrição Jornalista
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