Política 05/05/2025 19:18
95% votaram pela separação: o movimento que quer criar um novo país nos estados do Sul do Brasil
Em 2016, mais de 600 mil pessoas no Sul votaram “sim”. A ideia: transformar os estados do Sul do Brasil em um novo país. O movimento separatista “O Sul é o Meu País” é mais organizado do que parece. Argumentos envolvem economia e identidade regional.
Mas seria viável? Quais seriam as consequências de separar a região Sul? Vamos analisar.
A ideia de separação no Sul do Brasil não é nova, remonta à Guerra dos Farrapos (século XIX). O movimento “O Sul é o Meu País” (OSMP) existe desde 1992. É uma associação privada sem fins lucrativos. Seu objetivo é a independência dos três estados do Sul do Brasil de forma pacífica e democrática. A sede fica no Rio Grande do Sul, mas está presente em 1.191 municípios.
O OSMP promove debates e consultas, como o Plebisul (2016/2017). Nessa votação simbólica, 95,74% dos 616.917 participantes disseram “sim” à separação. O movimento afirma repudiar violência e discriminação. Sua base argumentativa inclui a identidade cultural sulina, vista como distinta do resto do Brasil (origem europeia miscigenada, personalidade “aguerrida”, histórico de revoltas). O manifesto do grupo chega a afirmar que o Brasil “nunca dará certo”.
Apesar da organização, o separatismo no Sul do Brasil esbarra na lei. A Constituição Brasileira de 1988 define o país como uma união indissolúvel. Não há base legal para um estado ou região se separar. Outros movimentos (Nordeste, São Paulo) enfrentam o mesmo impedimento.
Críticos apontam que o OSMP não tem um plano prático claro para um novo país (moeda, leis, segurança, etc.). Seus documentos são vistos como confusos e contraditórios.
A base jurídica que o movimento tenta usar (Art. 4º da Constituição e Resolução 1514 da ONU) é considerada equivocada.
A Resolução 1514 trata da autodeterminação de povos colonizados, o que não se aplica aos estados do Sul do Brasil, que têm plena representação democrática.
Movimentos separatistas existem no mundo todo. Alguns tiveram sucesso parcial ou total, como Kosovo e Sudão do Sul, embora enfrentem desafios.
Outros falharam ou geraram crises, como Crimeia (anexada pela Rússia) e Catalunha (referendo ilegal reprimido pela Espanha).
A Escócia teve um referendo legal em 2014, mas votou por permanecer no Reino Unido. Somalilândia declarou independência em 1991, mas não é reconhecida internacionalmente.
Esses exemplos mostram que a separação depende de legitimidade, apoio internacional e contexto histórico, fatores que não favorecem o movimento nos estados do Sul do Brasil.
Se o movimento separatista no Sul do Brasil partisse para ações concretas com violência, o governo federal poderia usar mecanismos como Intervenção Federal ou Estado de Sítio. A lei atual (14.197/2021) prevê prisão para atos separatistas violentos.
Mesmo uma separação hipotética pacífica teria graves consequências.
O Brasil perderia 17,4% do seu PIB. A arrecadação federal cairia drasticamente, piorando o desequilíbrio do pacto federativo (onde estados mais ricos como os do Sul já subsidiam outros). Isso aprofundaria desigualdades regionais e o buraco nas contas públicas.
A ideia de “nação una” seria abalada, ferindo a identidade nacional. Cadeias produtivas (agronegócio, indústria) seriam rompidas.
Criar um novo país a partir dos estados do Sul do Brasil seria extremamente complexo.
O primeiro problema seria o reconhecimento internacional, sem o qual o país não existe diplomaticamente (sem ONU, tratados, etc.). Seria preciso criar uma moeda e política monetária. Definir a nacionalidade dos 30 milhões de habitantes seria delicado.
Serviços federais (Previdência, SUS, universidades) teriam que ser substituídos ou renegociados. Seria necessário montar toda a estrutura de um Estado (justiça, saúde, defesa, diplomacia) do zero, a um custo altíssimo.
Embora a região Sul tenha base econômica (agro, indústria), a transição seria turbulenta e cheia de incertezas. Talvez a força do movimento reflita mais a frustração com o Brasil atual do que um projeto separatista viável.
Deu em CPG
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