Brasil 29/01/2025 12:29
Do Sousa ao Silva: a origem dos 15 sobrenomes mais comuns do Brasil
Cerca de 15% dos brasileiros compartilham o mesmo sobrenome. Conheça as raízes de outros sobrenomes populares no país
O interesse na origem do próprio sobrenome fez o escritor Claudio Campacci começar a pesquisar sobre o assunto.
“Desde que iniciei esse trabalho de pesquisa, há 25 anos, já consegui coletar o histórico de mais de três mil famílias”, estima o autor do livro “Os sobrenomes mais comuns do Brasil”.
No Brasil, a maioria dos sobrenomes remonta à colonização. Após mais de cinco séculos do início da presença estrangeira, os sobrenomes herdados dos portugueses continuam sendo os mais comuns.
“A partir do século 19, sobrenomes de outras partes da Europa passaram a chegar ao Brasil. A primeira leva foi de alemães, que se estabeleceram no Rio Grande do Sul por volta de 1824. Nas décadas de 1860 e 1870, Santa Catarina e Espírito Santo também tiveram a inclusão em seus territórios de imigrantes germânicos e italianos”, conta Campacci.
Mas foi nas décadas de 1880 e 1890 que essa influência europeia ganhou mais força. Nesse período, devido ao fim da escravidão, milhões de italianos, espanhóis e alemães vieram para o Brasil – trazendo consigo sobrenomes como Ferrari, Bianchi e Rossi.
“No início do século 20, foi a vez de japoneses também passarem a influenciar o sobrenome de muita gente, com nomes como Yamamoto, Takahashi e Matsumoto”, conta Campacci.
Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), Silva segue soberano como o sobrenome mais registrado no Brasil.
E com larga margem para os outros integrantes do top 15, diga-se. Para se ter uma ideia, 15% das 212,6 milhões de pessoas que vivem no país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), têm Silva como sobrenome. Mas de onde vem o nome compartilhado por tanta gente?
“No início da colonização, para que a coroa portuguesa tivesse uma melhor ideia onde estava sendo colonizado, muitos colonizadores portugueses acrescentaram os sobrenomes Silva e Costa. Silva indicava que o colonizador estava no interior e Costa que o colonizador estava no litoral”, conta Campacci sobre os motivos da popularidade.
Contudo, outros fatores ajudaram a popularizar o Silva entre os brasileiros:
Listamos abaixo os 15 sobrenomes mais comuns do Brasil, bem como as suas respectivas origens. Confira.
Sousa ou Souza são sobrenomes da mesma família de origem portuguesa. A versão Souza é mais comum no Brasil, tanto que ocupa a quarta posição na lista de sobrenomes mais comuns do país. No entanto, seja escrito “z” ou “s”, ambos advém do latim “saxa”, que significa rocha. No passado, este sobrenome foi muito adotado para classificar cristãos-novos, judeus que se converteram ao catolicismo.
Sobrenome de invocação religiosa (em alusão ao messias cristão Jesus de Nazaré) muito utilizado em Portugal e no Brasil, com especial incidência a partir da segunda metade do século 20, quando começou a ser adotado como sobrenome. Essa prática foi seguida durante as décadas seguintes, resultando na atual existência de um grande número de famílias que o usa sem que nenhuma relação de parentesco exista entre elas.
Sobrenome classificado como um sobrenome toponímico – que segue a ideia da região de nascimento. O termo Ribeiro advém do latim, e significa rio pequeno. Dom Ramiro III, falecido em 984, rei de Leão, foi um dos primeiros membros da família Ribeiro, em Portugal. No Brasil, esse sobrenome herdado dos portugueses foi muito adotado por escravizados africanos e indígenas.
Sobrenome de origem religiosa que foi aplicado primitivamente a pessoas nascidas em 25 de dezembro ou próximo a essa data. Com o passar dos anos, passou a ser comumente aplicado em crianças do sexo feminino e em filhos não primogênitos, ganhando popularidade.
Existem registros do século 9 deste sobrenome, como Gomizi e Gomiz. Em espanhol, utiliza-se Gomez e Güemes. Sua origem provável, segundo genealogistas, vem de uma abreviação do visigodo intitulada “Gomoarius”, que significaria “Homem de Guerra” – uma alusão a um soldado germânico a serviço de Roma durante o século 4. No Brasil, o sobrenome passou a se popularizar a partir dos séculos 17 e 18.
Historicamente, este sobrenome era utilizado para se referir às famílias que chegavam à colônia e se estabeleciam no litoral – ao contrários das famílias que foram para o interior, que costumeiramente adotaram o Silva como sobrenome. A mais antiga família Costa que se tem registro é a da varonia de Martim Gil Pestana, escudeiro nobre que viveu em Évora, Portugal, na segunda metade do século 8.
É um sobrenome que vem de Lima, na Galícia, Espanha. Genealogistas dizem que esta linhagem de sobrenome procede de Dom Juan Fernandez de Lima, “o Bom”, filho de Dom Fernão Aires Baticella (Batissela) e dona Teresa Bermudes ou Vermuis. Acredita-se que, inicialmente, este sobrenome foi usado por pessoas que viviam na região do rio Lima, que nasce na Espanha e deságua em Portugal.
Sobrenome de origem “patronímica” – cuja origem encontra-se no nome do pai ou de um ascendente masculino – que deriva de Álvaro. Inicialmente, os primeiros a usar este sobrenome eram conhecidos como “filho do senhor Álvaro”. Já a segunda geração, ou seja, os netos do senhor Álvaro, já utilizavam o nome do avô diretamente como sobrenome. A sua grafia, antes baseada na abreviatura “Alvz” utilizada em documentos antigos, acabou por ser “modernizada” para Alves, transformando-se na forma mais conhecida.
Sobrenome patronímico com origem na Espanha medieval cujo significado é “filho de Rodrigo”. Rodrigo foi o último rei visigodo na Espanha do século 8. No Brasil, é um dos sobrenomes mais comuns usados para classificar cristãos-novos (judeus convertidos) estabelecidos no Brasil colonial.
Historiadores dizem que este sobrenome vem de Herrera, no reino de Castela, hoje Espanha. Acredita-se que a região era um local de extração de ferro ou ligado a algum ferreiro. Por isso, do sobrenome Ferreira aos nascentes da região. Um dos fundadores da família Ferreira, em Portugal, foi Dom Fernando Álvares Ferreira, que viveu no século 12.
Outro sobrenome de origem toponímica – derivados do lugar onde vivia o representante mais antigo conhecido da família. No início, o sobrenome foi muito utilizado pelos nobres de Portugal, mas se popularizou depois. Também foi muito adotado por cristãos-novos (judeus convertidos) estabelecidos no Brasil colonial.
Sousa ou Souza são sobrenomes da mesma família de origem portuguesa. A versão Souza é mais comum no Brasil, tanto que ocupa a quarta posição na lista de sobrenomes mais comuns do país. No entanto, seja escrito “z” ou “s” ambos advém do latim “saxa” que significa rocha. No passado, este sobrenome foi muito adotado pelos cristãos-novos, judeus que se converteram ao Catolicismo.
Sobrenome português de raízes toponímicas – derivados do lugar de moradia do ascendente mais antigo conhecido – que faz referência à árvore que produz azeitonas, registrada no português arcaico como “olveira”. O primeiro a usar o sobrenome em Portugal foi Pedro de Oliveira, que viveu no século 13. O termo foi retirado da designação Paço da Oliveira, na freguesia de Santa Maria da Oliveira, em Arcos de Valdevez, norte de Portugal.
Sobrenome religioso resultado da abreviatura de “Todos os Santos”. Era concedido com frequência a pessoas nascidas no dia 1º de novembro, vindo mais tarde a ser adotado como nome de família. O vocábulo português deriva da palavra latina sanctus que significa “santo”, “consagrado”. Uma das mais antigas referências a este nome é o registo de Martinho dos Santos, religioso português falecido em 1571. Também defendem alguns autores o uso provável de Santos como sobrenome concedido a recém-nascidos abandonados que ficavam ao cuidado de instituições de caridade.
Sobrenome derivado do latim “silva”, que significa selva, floresta ou bosque. Na sua origem, era conhecido por indicar famílias da Roma Antiga.
Todavia, com a queda do Império Romano do Ocidente no século 5, caiu em desuso. Voltou a ser utilizado nos séculos 11 e 12, ganhando popularidade. No Brasil, Silva foi utilizado durante o período colonial para indicar as famílias que viviam no interior – enquanto Costa indicava que o colonizador estava no litoral.
Sua difusão acabou sendo incrementada pelos escravos, que chegavam aqui apenas com um nome, escolhido por padres durante as viagens nos navios negreiros. Com a abolição da escravidão, eles passaram a se registrar com o sobrenome dos seus antigos donos, que costumam ter o Silva como sobrenome.
No século 20, criou-se o costume que todo filho bastardo que não tivesse na certidão de nascimento o nome do pai no Brasil herdasse o sobrenome Silva.
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