Energia. 22/12/2024 14:50
União Soviética construiu um carro movido a energia nuclear? Poderia percorrer cerca de 200 mil quilômetros com apenas 12 gramas de combustível nuclear
Dizem que a União Soviética desenvolveu um carro movido a energia nuclear, capaz de percorrer 200 mil quilômetros com uma quantidade mínima de combustível nuclear
Carros movidos a energia nuclear sempre pareceram coisa de ficção científica, mas há quem diga que, nos anos 1960, a URSS, União Soviética chegou perto de transformar esse conceito em realidade.
Entre boatos e supostas evidências, o Volga Atom continua sendo uma das histórias mais intrigantes da engenharia soviética. Vamos analisar todos as informações disponíveis.
Nos anos 1950, a corrida tecnológica entre Estados Unidos e União Soviética era intensa. A energia nuclear, vista como a solução para tudo — da eletricidade à exploração espacial —, também virou alvo de experimentos no setor automotivo. Um exemplo famoso é o Ford Nucleon, um carro-conceito apresentado pelos norte-americanos em 1958.
Na época, o Nucleon prometia funcionar com um pequeno reator nuclear no lugar de um motor convencional. Iremos falar sobre o Nucleon no final do texto.
Apesar da inovação, os desafios técnicos e os riscos de segurança enterraram a ideia rapidamente. Porém, segundo rumores, os soviéticos se inspiraram nesse conceito para desenvolver o Volga Atom, um veículo nuclear com características impressionantes, mas cuja existência nunca foi confirmada.
A história do Volga Atom começou, supostamente, em 1958, quando um oficial soviético teria visto o Ford Nucleon em uma exposição internacional.
Encantado, ele levou a ideia ao premiê Nikita Khrushchev, que teria ordenado que engenheiros soviéticos criassem algo semelhante.
O projeto teria ganhado forma em 1965, com base no popular GAZ-21 Volga, um carro conhecido por sua robustez e design icônico na época.
egundo relatos não comprovados, o Volga Atom seria equipado com um motor movido a urânio-235, o mesmo material usado em reatores nucleares e bombas atômicas.
O suposto veículo tinha um motor capaz de produzir 320 cavalos de potência, mas enfrentava problemas sérios de superaquecimento, o que limitava sua funcionalidade e inviabilizava a produção em massa.
Além disso, os desafios de segurança eram evidentes — um acidente poderia resultar em consequências catastróficas.
Embora não haja documentos oficiais confirmando a existência do Volga Atom, rumores persistem há décadas.
A história ganhou força com a exibição de um carro apelidado de “Volga Atom” em um museu em Nizhny Novgorod, na Rússia. No entanto, especialistas acreditam que o modelo exposto seja apenas uma maquete, sem tecnologia funcional.
Assim como o Ford Nucleon, muitos conceitos nucleares da época não passavam de experimentos de design ou propaganda. A própria tecnologia disponível nos anos 1960 tornava o desenvolvimento de um carro nuclear funcional extremamente difícil.
Mesmo com o avanço dos reatores nucleares compactos, como o soviético EGP-6 — um dos menores reatores comerciais do mundo —, um veículo desse tipo enfrentaria desafios de peso, custo e segurança.
Teoricamente, um carro movido a energia nuclear poderia rodar milhares de quilômetros com uma quantidade mínima de urânio-235. Estima-se que o Volga Atom, se real, poderia percorrer cerca de 200 mil quilômetros com apenas 12 gramas de combustível nuclear.
Contudo, o peso total do veículo seria um grande problema. Naquela época, reatores nucleares eram pesados e volumosos, o que inviabilizaria a mobilidade.
Além disso, a indústria automobilística soviética da época era conhecida por copiar designs ocidentais, mas não por incorporar tecnologias militares de ponta em projetos civis.
Mesmo com os avanços em miniaturização de reatores para submarinos e espaçonaves, criar algo seguro e prático para rodar nas ruas seria uma tarefa quase impossível.
Em 1958, a Ford apresentou ao mundo um conceito revolucionário: o Ford Nucleon, um carro movido a energia nuclear. A ideia era substituir o motor a gasolina por uma pequena usina nuclear. Através da fissão do urânio, o sistema geraria calor para transformar água em vapor.
Esse vapor moveria turbinas, produzindo energia elétrica ou energia mecânica para propulsionar o veículo. O funcionamento era semelhante ao de submarinos e navios nucleares, já em operação na época.
O projeto era ambicioso. A Ford estimava uma autonomia de 8.000 km com apenas um pequeno pellet de urânio. O reabastecimento seria simples: bastava trocar o material em postos específicos, substituindo os tradicionais postos de gasolina.
A montadora imaginou até a personalização dos reatores. Clientes poderiam optar por modelos que priorizassem desempenho ou maior autonomia. Tudo isso parecia um vislumbre de um futuro utópico onde a energia nuclear dominaria também as estradas.
Por que o Nucleon nunca aconteceu? Apesar das promessas, o Ford Nucleon nunca passou da maquete. A empresa sequer construiu um protótipo funcional em tamanho real. A exposição do modelo em escala reduzida, atualmente no Museu Henry Ford, em Dearborn (EUA), é a lembrança mais concreta desse projeto.
O Volga Atom, assim como outros carros nucleares da década de 1960, continua sendo um exemplo de como a imaginação tecnológica às vezes ultrapassa os limites da realidade.
Apesar de não ter saído do papel — ou talvez nunca ter existido —, a ideia de veículos movidos a energia nuclear ainda desperta curiosidade e inspira debates sobre o futuro da mobilidade.
Embora pareça improvável que um carro como o Volga Atom tenha sido funcional, sua história persiste como uma peça interessante da narrativa tecnológica da Guerra Fria.
Se não foi real, certamente foi uma ideia poderosa para mostrar o que poderia ter sido o futuro… caso a tecnologia tivesse permitido.
Deu em CPG
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