Eleições 02/11/2024 12:36

Histórico de abstenção nas eleições preocupa TSE; especialistas avaliam se há ‘desilusão’ com candidatos

Indice de abstenção no 2º turno foi 29,2%, resultado que só fica atrás das eleições da pandemia. Cenário chamou a atenção, e TSE fará uma pesquisa para identificar os motivos dos brasileiros não terem ido às urnas.

No último domingo (27), mais de 9,9 milhões de eleitores não compareceram para votar no segundo turno das eleições municipais — índice equivalente a 29,2% de abstenção.

Além disso, a abstenção nas eleições municipais subiu a cada edição desde 2000. De 2020 para 2024 houve pequena queda, mas é porque aquele foi o ano do auge da pandemia de Covid-19, onde era natural que a abstenção fosse maior.

🔎Na época, a orientação era que as pessoas permanecessem em casa, para evitar a disseminação do vírus (veja o cenário aqui).

A explicação para, no segundo turno de 2024, tantos brasileiros optarem por não comparecer às seções eleitorais, no entanto, não tem uma justificativa tão clara.

Um dos pontos de destaque para a ministra foi que houve uma variação significativa entre as regiões brasileiras. “A gente também vai ter que apurar em cada local. Houve município que teve 16% [de abstenção] e houve município com 30%”, detalhou.

Especialistas consultados pelo g1 avaliam que o alto nível de abstenção neste ano pode trazer recados importantes sobre o contexto político brasileiro. Entre eles, que os cidadãos perderam a confiança nos candidatos ou no poder do voto, diante de cenários mais consolidados.

A curva da abstenção

Nas últimas eleições municipais, em 2020, o Brasil vivia uma pandemia sem precedentes. A taxa de abstenção foi a maior já registrada — 11,3 milhões de brasileiros não votaram, ou seja, 29,53% da população.

A expectativa era que o cenário fosse diferente neste ano, visto que a emergência sanitária foi superada.

Abstenção no 2º turno

  • 2024: 29,26%
  • 2020: 29,53% (pandemia)
  • 2016: 21,6 %
  • 2012: 19,1%
  • 2008: 18,1%
  • 2004: 17,3%
  • 2000: 16,2%

Porém, por pouco, a abstenção dos votos em 2024 não ultrapassou a do ano pandêmico. Segundo a professora Marcela Machado, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), os números podem representar um descontentamento com a política.

“Se as pessoas, mesmo num cenário onde não tenha uma emergência sanitária, estão deixando de votar, sinaliza uma possível desilusão com os candidatos que estão postos”, pondera a profissional.

“No caso da abstenção, a pessoa nem quer sair de casa para falar que nenhum candidato interessou. De fato isso sinaliza que as pessoas não estão interessadas, os candidatos não atenderam aos interesses delas, pode sinalizar também um desengajamento cívico“, prossegue.

Resultado definido

O cientista político Antônio Lavareda pontua ainda que esse desinteresse também pode ter origem em uma sensação, nos brasileiros, de que a eleição já está ganha e o voto deles não pode mudar tal cenário.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista