Judiciário 20/09/2024 12:15
Ministro do STJ se irrita com ministra e abandona sessão; veja o vídeo
Gurgel de Faria não queria que Regina Helena Costa lesse o voto de um recurso sob a relatoria dela e deixou o plenário
O ministro Gurgel de Faria, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), abandonou uma sessão de julgamento da Primeira Turma do STJ, na última terça-feira (17/9), após um desentendimento com a colega ministra Regina Helena Costa.
“Senhor presidente, mas vai ler o voto? Ele [Paulo Sérgio] está pedindo vista”, disse Gurgel quando a ministra fez menção à leitura do voto.
“Ministra Regina, a gente vai esquecer o que a senhora vai falar”, afirmou ele. Então Regina disse que leria ao público. “Mas que público, ministra Regina?”, contrariou o ministro.
A ministra disse que não leria o voto todo, mas uma síntese.
“São 15 para as 4h. Não entendi essa reação. A questão acho que é um tema diferente, não é uma coisa banal. Gostaria de ler meu voto”, afirmou Regina Helena, a única mulher a integrar a 1ª Turma.
Mesmo assim, Gurgel pediu licença ao presidente da Primeira Turma e abandonou a sessão. Confira o momento:
A atitude do ministro repercutiu no meio jurídico e nas redes sociais, com acusações de manterrupting — um termo utilizado quando homens interrompem mulheres quando elas estão falando.
O Movimento Nacional pela Paridade no Judiciário emitiu uma nota em apoio à ministra. “É essencial que as vozes das mulheres sejam ouvidas, sem interrupções, para que o Judiciário seja, de fato, um espaço de igualdade”, diz trecho.
O ministro Gurgel, por meio do gabinete, publicou uma nota na qual lamenta o caso.
“É importante destacar que os dois já tiveram a oportunidade de conversar logo após a sessão. Ele se desculpou pessoalmente de sua atitude”, diz o comunicado.
“O Ministro Gurgel reitera aqui o seu enorme respeito e admiração pela Ministra Regina Helena Costa, com quem construiu um relacionamento de amizade e de convívio gentil e pacífico desde que iniciaram o trabalho no Superior Tribunal de Justiça, há mais de dez anos”, encerra a nota.
Deu em Correio Braziliense