Comércio 08/10/2023 18:34
Varejo de shoppings encolhe e dispara alerta de “terremoto”
Combinação de inflação, juros elevados e escândalos financeiros provocam fechamento de 127 lojas em shoppings no mês de agosto. Crise de marcas como Americanas e Ponto também provocam encolhimento e demissões em dezenas de unidades de rua
Depois da crise com a invasão das lojas de e-commerce chinês, o varejo enfrenta outro sinal de alerta com o fechamento de lojas nos shoppings centers.
Pesquisa realizada pelo Bank of America (Bofa) revelou que 127 lojas fecharam suas portas apenas no mês de agosto.
É uma reversão inquietante em relação ao mês anterior, quando houve um saldo positivo de 82 lojas abertas.
Marcas conhecidas do público encolheram. Entre as impactadas por esse panorama encontra-se a renomada Polishop, que se viu obrigada a encerrar atividades em nove de suas lojas.
Outras grifes igualmente conhecidas, como Triton, Puket, Ponto Imaginarium e Colombo, também foram afetadas.
O levantamento engloba 146 estabelecimentos com cerca de 28 mil lojas ao todo.
Parte desse fechamento é explicado pela crise no grupo Americanas. A Imaginarium e a Puket são parte da Uni.co, unidade de negócios que pertence à Lojas Americanas, em recuperação judicial.
A Uni.co, aliás, é parte dos ativos que a varejista deve vender para tentar reequilibrar as contas.
Sem contar apenas os shoppings, as Lojas Americanas já fecharam 95 lojas desde janeiro — uma loja a cada 2,5 dias, demitindo 1.131 funcionários.
O presidente da companhia, Renato Franklin, disse estar focado em melhorar os indicadores financeiros da empresa e, para isso, fechar lojas deficitárias é um caminho. Só com o fechamento de lojas, a empresa pretende liberar R$ 1 bilhão em estoques.
O grupo lida com as consequências de ter buscado crescimento digital e em novas frentes de negócio quando os juros estavam em 2%. Agora, com a Selic alta e o bolso do consumidor comprometido, a companhia se vê com vendas fracas e dívida alta.
O Ponto (ex-Ponto Frio), por sua vez, faz parte de uma empresa em processo de reorganização, o Grupo Casas Bahia, que anunciou ter a intenção de fechar de 50 a 100 lojas dessa marca (não somente em shoppings).
A Lojas Marisa também passa por uma crise e fechou 88 unidades no País em 2023 (inclusive em shoppings).
Outras marcas de destaque também enfrentaram dificuldades e enxugaram suas operações em shoppings, como Tok&Stok e Ri Happy.
São inúmeros os fatores que contribuem para esse cenário. Alguns casos têm como causa escândalos financeiros, que abalaram a confiança dos investidores e consumidores.
Outras situações envolvem problemas de gerenciamento, que levaram ao decréscimo das operações e ao consequente fechamento de unidades.
“A gente tem um cenário de muitas mudanças nos canais de vendas, e, junto com isso, o ciclo mais longo de alta de juros acabou pegando muitas empresas de surpresa”, argumenta Eduardo Terra, presidente executivo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Ele explica que muitas dessas empresas tinham um perfil de dívida muito alta e acabaram não suportando a pressão dos juros altos.
“Hoje, as redes pequenas e médias podem investir porque nunca tiveram acesso a uma grande linha de crédito como as empresas maiores, que começaram a ter esse acesso na época dos juros baixos, por isso a dívida é menor”, completa.
Apesar do tom tenso que parece pairar sobre o varejo de shoppings centers, nem tudo é negativo. Em diversos casos, essa fuga de marcas tem impulsionado processos de reposicionamento no mercado.
Um exemplo é a rede mineira de livrarias Leitura, que está aproveitando a oportunidade para assumir pontos até então ocupados pela Saraiva nos shoppings (a Saraiva, que já foi a líder do setor, pediu falência na quarta-feira, 4, após fechar todas as suas lojas físicas).
Com essa estratégia assertiva, a Leitura já se consolida como a maior rede de livrarias do Brasil.
Essa mudança no panorama do varejo evidencia um cenário desafiador, mas repleto de oportunidades para os empreendedores. As marcas que buscaram se reinventar e se adaptar às novas demandas do consumidor obtiveram resultados positivos.
“Os shoppings tornaram-se cada vez mais plataforma de viver. Essa mudança de mix está atrelada à evolução da experiência do consumidor”, avalia Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Na contramão, varejistas de menor porte aproveitaram de suas estruturas mais enxutas e contas mais equilibradas para aproveitar a ocasião da derrocada dos grandes players para expandir suas redes, principalmente dentro dos shoppings.
“Hoje temos uma grande mudança corporativa global acontecendo. Essa mudança vem para ficar e para ser permanente. Acho que todas as grandes e também as pequenas empresas estão se reformatando para se alinhar às tendências”, aponta o consultor de varejo Anderson Franco.
A rede de joias Vivara é um exemplo. Com suas lojas da linha Life lidera o ranking do lado positivo, com 12 unidades abertas somente neste ano.
Outras empresas também estão encontrando espaço para expandir, como a rede de Fast Food Milky Moo, com 23 aberturas; a Natura, com 10 lojas; e a Fini Doces, com 15.
Descrição Jornalista
Pesadelo em vida real: sonhar demais pode encurtar sua vida!
13/07/2025 19:03
Comer queijo à noite pode dar pesadelos? Este estudo diz que sim
13/07/2025 18:32
Celulares podem escutar nossas conversas? Estudo responde
13/07/2025 13:08
John Textor toma atitude importante sobre novo técnico do Botafogo
01/07/2025 09:49