O litro de gasolina, que tinha preço médio de R$ 2,52, sofreu uma elevação de 16,3%. Isso corresponde a um acréscimo de R$ 0,41, subindo para R$ 2,93 para as distrituidoras.
Por sua vez, o litro do diesel teve expansão de 25,8% na venda nas refinarias. Ele passou de R$ 3,02 para R$ 3,80, um acréscimo de R$ 0,78.
Um levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), realizado entre os dias 13 e 19 de agosto, já registrou o impacto desse reajuste nos postos do país.
O preço médio do litro da gasolina chegou a R$ 5,65 nas bombas nesta semana. O aumento foi de R$ 0,12 (2,1%) em relação ao período anterior, quando o combustível estava em R$ 5,53 o litro.
Mas a maior alta foi do diesel S-10, que passou de R$ 5,08 para R$ 5,50 — um aumento de R$ 0,42 (8,21%).
Com a alta, analistas do bano Itaú Unibanco revisaram a projeção da inflação deste ano de 4,9% para 5,1%.
“O movimento veio acima da nossa expectativa de curto prazo, que embutia um reajuste menor na gasolina, próximo de 5%.
Com isso, a alta possui impacto adicional de aproximadamente +25 p.b. nos meses de agosto e setembro”, avalia boletim do banco, após anúncio do reajuste.
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, também tem palpite semelhante. Ele afirmou que esse novo dado tem impacto sobre a inflação e vai levar a autoridade monetária a revisar suas projeções para o comportamento dos preços.
O mandatário disse que o reajuste da gasolina tem impacto direto sobre o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Assim, o reajuste deve gerar, entre agosto e setembro, uma elevação de 0,4 ponto percentual no indicador, considerado a inflação oficial do país. O diesel, segundo Campos Neto, afeta o índice indiretamente.
Vale lembrar que o diesel é o combustível utilizado em caminhões. Segundo pesquisa da Custos Logísticos no Brasil, 75% dos produtos brasileiros são transportados por rodovias.
Entenda o reajuste
Os aumentos anunciados pela Petrobras têm o objetivo de diminuir a defasagem dos óleos nas bombas. Ou seja, os preços que eram cobrados pela estatal estavam muito abaixo do valor de mercado, atrelado ao exterior.
Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço da gasolina nos polos da empresa encontrava-se defasado em R$ 0,90 (-27%), e o do diesel, em R$ 1,18 (-28%).
Foi o primeiro aumento anunciado pela companhia desde a extinção da política de paridade internacional dos combustíveis, em maio. Depois dessa decisão, os valores só tiveram queda.
A variação acumulada no ano do preço de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras apresenta uma redução de R$ 0,15 por litro.
Prejuízos históricos
O Brasil passou por experiência recente de segurar, na marra, os valores cobrados nas bombas.
Em 2015, a companhia teve o maior rombo anual até então. O prejuízo foi de R$ 34,8 bilhões. Ainda, o saldo negativo havia sido de R$ 21,6 bilhões no ano anterior.
Para Rodrigo Saraiva, membro do conselho administrativo do Instituto Mises Brasil, os danos dessa situação atingem “todos os brasileiros”.
“Quando a Petrobras dá lucro, nós não somos beneficiados por ela. Quando ela dá prejuízo, nós todos pagamos a conta, como pagamos fortemente durante o governo Dilma”, disse ele ao R7.
Próximos números
Na próxima sexta-feira (25), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga a prévia da inflação do mês de agosto.
Porém, como os aumentos passaram a valer no final da coleta dos dados (15 de julho até 14 de agosto), o indicador ainda não deve mostrar o impacto da decisão da Petrobras nos preços da economia.
Deu em R7