Empresas 28/05/2023 11:08
Netflix: como o fim do compartilhamento de senhas pode dar errado
A repressão da Netflix ao compartilhamento de senhas causa impacto na indústria de streaming, e pode dar errado
Em uma jogada surpreendente, a Netflix decidiu reprimir o compartilhamento de senhas, uma prática que já tolerava há anos.
A gigante dos streamings, que vem lidando com a queda na receita e com números oscilantes de assinantes, espera que essa nova estratégia ajude a reverter a situação a seu favor.
Diferentemente de sua postura anterior, a Netflix agora planeja fazer cumprir sua política de uma conta por residência, fazendo com que os membros paguem a mais por compartilhar suas assinaturas com pessoas que vivem em residências diferentes.
A empresa acredita que, ao monetizar esses usuários anteriormente não explorados, poderá recuperar parte da receita perdida nos anos anteriores. No entanto, o sucesso desse empreendimento pode não ser tão simples como se espera.
Isso porque os usuários podem ter se inscrito principalmente pela capacidade de transmitir conteúdo simultaneamente em vários dispositivos e residências.
Por exemplo, o plano Padrão da Netflix, com preço de R$ 39,90 por mês, permite a transmissão em dois dispositivos simultaneamente, enquanto o plano Premium, por R$ 55,90 por mês, permite até quatro visualizações simultâneas.
A mudança para o compartilhamento pago pode levar alguns usuários a optar pelo plano Básico mais acessível, com preço de R$ 25,90 por mês, que limita a transmissão a um único dispositivo por vez.
Essa tendência potencial pode afetar negativamente a receita média por usuário da Netflix. Rayburn explica: “Os cancelamentos vão prejudicar, mas os rebaixamentos também vão prejudicar porque a Netflix não pode compensar isso com publicidade”.
Independentemente de o compartilhamento pago prejudicar ou não as finanças da Netflix, suas consequências podem repercutir em toda a indústria de streaming.
Concorrentes como a Disney, Warner Bros. Discovery e Paramount provavelmente estão observando de perto como os consumidores respondem à repressão da Netflix ao compartilhamento de senhas.
Se for bem-sucedido, outros serviços podem seguir o exemplo, assim como ocorreu com o aumento de preços observado no ano passado.
Paul Erickson, diretor da Erickson Strategy and Insights, destaca o desafio comum enfrentado por todas as plataformas de streaming: como lidar com o compartilhamento de senhas.
Todo mundo vai dar uma olhada nisso ou se orientar pela forma como a Netflix lida com isso, como o consumidor americano reage ou como reage e avança por conta própria.
Paul Erickson
Dada a enorme presença da Netflix no mercado de streaming, não se pode descartar a possibilidade de o compartilhamento pago se tornar uma norma do setor. Erickson acredita que o compartilhamento pago é uma progressão natural na maturação da indústria de streaming, afirmando:
“Isso precisava ser resolvido em algum momento, e está acontecendo agora”.
Além dos investidores da Netflix, parece que poucos estão satisfeitos com essa mudança, especialmente considerando que a Netflix é o único serviço que exige pagamento adicional pelo compartilhamento de senhas.
Ainda é cedo demais para avaliar quantos assinantes a plataforma de streaming pode perder, quantos optarão por planos mais baratos ou quantos realmente comprarão contas adicionais.
No entanto, a Netflix deve agir com cautela ao implementar essa mudança, pois corre o risco de alienar os clientes pagantes que desempenharam um papel vital na expansão do alcance do serviço ao compartilhar suas senhas.
Com informações do The Verge.
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