Durante uma investigação arqueológica feita em uma floresta perto de Livorno, em Toscana, na Itália, um pesquisador encontrou nada menos que 175 moedas de prata dentro de um pote de terracota enterrado no local.
Acredita-se que esse tesouro, datado de aproximadamente 82 a.C., foi enterrado por um soldado durante uma guerra civil romana.
Os pesquisadores descobriram as moedas em 2021, mas as mantiveram em segredo para que o local pudesse ser completamente investigado.
A suspeita sobre o suposto dono do tesouro ser um soldado surgiu pois, pelo ano em que as pratas foram datadas, o general romano Lucius Cornelius Sula travou uma guerra sangrenta em toda a Itália contra seus inimigos entre os líderes da República Romana.
“Não devemos associar o tesouro somente a um soldado, embora em princípio seja possível. Também devemos levar em conta que pode ter sido enterrado por uma pessoa de posses que queria deixar seu dinheiro seguro durante esse tempo turbulento”, disse Federico Santangelo, historiador e professor de Clássicos e História Antiga na Universidade de Newcastle, no Reino Unido, em entrevista à Live Science.
O professor, que não participou da descoberta, explica que, durante guerras e revoltas, muitas pessoas enterravam suas reservas de dinheiro e, por vários motivos, eram impedidas de recuperá-las.
Uma análise detalhada revelou que as moedas mais antigas datavam de 157 ou 156 a.C., enquanto as mais recentes eram de 83 ou 82 a.C., e o valor seria o equivalente a dezenas de milhares de dólares em dinheiro de hoje.
As escavações não revelaram nenhum outro objeto arqueológico no local onde o tesouro de moedas foi encontrado, mas os restos de uma fazenda da era romana foram encontrados no passado a cerca de 800 metros de distância.
O tesouro avaliado em valor de dezenas de milhares de dólares foi encontrado em 2021 perto de Livorno, na Toscana — Foto: Reprodução/Franco Sammartino
Enterrando um tesouro
A arqueóloga Lorella Alderighi, do escritório provincial de arqueologia, também confirma ao portal de notícias que o tesouro foi enterrado durante um período conturbado da história italiana.
Alguns anos antes, o país havia sido tomado pela Guerra Social entre Roma e seus aliados italianos.
Em 82 a.C. o militar Sula retornou com seu exército da Ásia para enfrentar seus inimigos em Roma, mesmo já tendo atacado a cidade em 88 a.C. e sido declarado inimigo público em 87 a.C.
“Foi um período histórico muito complicado”, declara. “Os soldados de Sula conquistaram territórios enquanto avançavam do sul para o norte. Mas a Itália central e a Toscana ainda não haviam sido conquistadas”.
Em meio a tantos conflitos Alderighi acredita que, de fato, o tesouro foi enterrado propositalmente.
“A maneira mais fácil de esconder objetos de valor era enterrá-los no subsolo, longe de casas onde ninguém pudesse encontrá-los”, explica a arqueóloga.
Porém, infelizmente, quem enterrou as moedas nunca mais voltou para recuperá-las, sendo assim a pesquisadora aposta na ideia que o proprietário foi um soldado romano envolvido nos conflitos.
“Essas moedas podem ter sido as economias de um soldado voltando para casa [durante] o serviço militar. Ele pode tê-las escondido porque constituíam uma soma útil, talvez para futuramente comprar e abrir sua própria fazenda”, conclui.
Deu em Galileu