Economia 27/04/2023 08:32

Lula: ‘Impossível investir no Brasil com juros a 13,75%’

Na avaliação do petista, que participava de um evento em Madri, na Espanha, empresários brasileiros precisam aprender a investir fora do País.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez novas críticas à taxa de juros no Brasil na terça-feira, 25, e disse ser “impossível fazer investimento” no País com a taxa Selic a 13,75% ao ano.

Na avaliação do petista, que participava de um evento em Madri, na Espanha, empresários brasileiros precisam aprender a investir fora do País.

“É impossível fazer investimento com taxa de juros a 13,75%. Espero que a Espanha coloque dinheiro para emprestar mais barato para a gente poder ter empresário que vem aqui buscar dinheiro emprestado”, disse, em encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Espanha.
O presidente afirmou que as condições estão dadas para um aprofundamento da cooperação econômica e comercial entre Brasil e Espanha. De acordo com ele, a estabilidade política e crescimento da economia brasileira “voltarão a trazer excelente retorno às empresas espanholas”.
Ao citar condições para aprofundamento da cooperação entre os dois países, com destaque à infraestrutura, Lula disse ser “entusiasta que setores públicos e privados andem de mãos dadas, porque só assim conseguiremos fazer um país crescer”.
Segundo o petista, o Brasil voltará a desempenhar papel de liderança na agenda climática e transição energética e será “implacável” no combate aos crimes ambientais.
Ele disse querer atrair capital produtivo espanhol para o Brasil.
Ao falar sobre seus objetivos no terceiro mandato, citou medidas que podem tornar a economia brasileira mais competitiva. Mas pontuou que tal competitividade “não é um fim em si, mas um meio para aumentar a qualidade de vida da população”.
“A competitividade que queremos não pode resultar na redução da renda dos trabalhadores, diminuição do emprego formal, restrição da liberdade dos trabalhadores ou desmonte das políticas públicas”, declarou.
União Europeia
O presidente disse ainda esperar a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia ainda neste ano. Na avaliação do petista, o objetivo é que seja um acordo “equilibrado” e que contribua para a reindustrialização do País.
“O Brasil e os sócios do Mercosul estão engajados no diálogo para concluir as negociações com a União Europeia e esperamos ter boas notícias ainda este ano”, disse Lula, no encerramento do fórum.
“É um acordo muito importante para todos e queremos que seja equilibrado e contribua para a reindustrialização do Brasil.”
Para Lula, a Espanha poderá “ajudar muito” na conclusão do acordo.
Campos Neto diz não ter como prever redução
 
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 25, que não tem a capacidade de dizer quando a Selic vai cair, já que tem apenas um dos nove votos do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Tomaremos uma decisão técnica, olhando todos os fatores, e as coisas estão caminhando no sentido certo”, afirmou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Questionado pelos parlamentares sobre se a aprovação do novo arcabouço fiscal seria suficiente para garantir a queda dos juros, Campos Neto respondeu que a questão fiscal tem peso sim na avaliação do BC.
“A parte fiscal faz com que as expectativas de inflação caiam, isso aconteceu quando foi aprovado o teto de gastos”, lembrou.
O presidente do BC lembrou que o Copom não usa apenas o Boletim Focus como parâmetro para as expectativas de inflação e apontou que o BC também usa projeções próprias. “Sempre tentamos filtrar questões específicas de mercado em projeções de inflação”, reafirmou.
Ele repetiu que nenhum presidente do BC gosta de elevar juro. “Eu brinco com meu antecessor – Ilan Goldfajn – que ele nunca precisou subir a Selic”, afirmou.
Mais uma vez, Campos Neto avaliou que parte dos economistas acha que expectativas longas estão maiores porque há risco de governo mudar meta. “Nossa obrigação é com a meta de inflação. A meta é importante”, completou.
O presidente do BC citou estudos sobre o efeito da inflação na pobreza. “Não tem consumo estável e planejamento de empresa eficiente com inflação alta. O combate a inflação é uma missão muito social”, acrescentou.
Transparência
No início de sua apresentação na CAE, Campos Neto falou em transparência no processo de tomada de decisões sobre os juros. “É importante ficar transparente a tecnicidade do processo de tomada de decisão do BC”, afirmou.
Ele explicou como funciona o sistema de metas de inflação e citou os países que adotam esse regime.
“Em todos esses países havia uma inflação alta e volátil, que caiu após a adoção do sistema de metas. O benefício é ancorar as expectativas, com flexibilidade para absorver choques e previsibilidade para os agentes se programarem”, destacou.
Ressaltou que o sistema de metas garantiu que a inflação de diversos países se mantivesse controlada durante as últimas décadas. “Após a pandemia e a guerra na Ucrânia, muitos países saíram do ‘corredor’ de inflação (baixa) que estávamos habituados”, acrescentou.
Ele explicou também que, para definir a taxa de juros, a autoridade monetária olha a inflação corrente e seu aspecto qualitativo, o hiato do produto e as expectativas de inflação.
“As expectativas são importantes porque as pessoas reajustam os preços com base nas expectativas. Por isso precisamos garantir que as expectativas estejam dentro da meta.”
O presidente do BC reforçou a separação entre a taxa de juros e outras medidas macroprudenciais para garantir a estabilidade financeira.
“As intervenções no câmbio buscam apenas reduzir oscilações excessivas”, completou.
Deu em Tribuna do Norte
Ricardo Rosado de Holanda


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