Energia. 23/04/2023 09:15
Haddad prepara avanço com projeto de eólicas na costa brasileira
Especialista destaca potencial do país para instalação da nova tecnologia, mas que deve saber valorizar passe com empresas estrangeiras
O ministro Fernando Haddad se encontrou nesta semana com representantes da Equinor, comercializadora de energia norueguesa.
Entre outros assuntos, o ministro da Fazenda tratou sobre instalação de turbinas eólicas na costa brasileira, no que vem sendo chamado de geração de energia eólica offshore.
A Petrobras estima um investimento de 70 bilhões de dólares caso todas as áreas do acordo com a empresa de energia norueguesa Equinor sejam desenvolvidas.
“Esperamos logo, logo ter hidrogênio como companheiro do gás natural na matriz energética brasileira”, afirmou nesta semana Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, em evento na Fiesp.
A energia eólica onshore no Brasil, aquela com geração de energia produzida em terra firme, ocupa 13% da matriz elétrica atual, com capacidade instalada de 25 GW.
O país é o terceiro do mundo que mais investe em eólica onshore e o sexto em capacidade instalada.
A instalação de um parque eólico no mar brasileiro é positiva, mas recebe ressalvas.
A economista e professora do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Virginia Parente, lembra que a tecnologia ainda está percorrendo uma curva de aprendizado.
“O Brasil precisa ter parcimônia e saber valorizar seu passe nas negociações relacionadas a eólicas offshores, sobretudo com empresas estrangeiras”, disse em entrevista à VEJA.
A tecnologia ainda não está plenamente madura. Segundo a professora, o país tem escala para oferecer às empresas estrangeiras e isso deve ser usado nas conversas com interessados.
São mais de 200 milhões de habitantes e mais de 7 mil km de litoral. “
“Maior parte dos países que estão desenvolvendo isso tem uma população pequena e uma demanda relativamente pequena por energia”, disse. A instalação de parques eólicos no mar já existe na Europa. E majoritariamente por lá. “Quando você instala algo que não está maduro, o equipamento vai melhorando, com tecnologias diferentes. Então, quando chegar ao seu país, você tem a melhor tecnologia possível e preços mais competitivos”, afirmou. É como se o Brasil fosse usado como laboratório.
“Não interessa para o Brasil cristalizar uma grande capacidade instalada, ficar com ela por algumas décadas sem que ela seja da melhor tecnologia”, prosseguiu a professora. A expectativa da Petrobras é de viabilizar sete parques eólicos na costa brasileira.
O projeto faz parte da agenda de diversificação da matriz energética da estatal brasileira. A produção do projeto está estimada para ter início daqui a seis a dez anos.
A fase de estudos vai durar até 2028. “Temos que colocar essas variáveis para que seja positivo ao país”, destacou a especialista.
“É importante que os países aproveitem suas capacidade naturais de gerar energia. Se o Brasil tem bons ventos, deve aproveitar isso, mas não quer dizer que deve ir com muita sede ao pote e cristalizar um naco muito grande do parque eólico com uma tecnologia que não será a melhor possível”, completou.
Deu em Veja