Governo Federal 03/11/2022 07:15

Os indicadores econômicos que Lula herdará e as incertezas do novo governo

Os indicadores econômicos que Lula herdará e as incertezas do novo governo

A eleição deste ano definiu o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Comemorada por uma parte do eleitorado, a volta do petista ao Palácio do Planalto representa um enigma para o mercado e os analistas, devido à falta de clareza sobre a sua agenda econômica.

O Metrópoles avaliou qual Brasil o presidente eleito e seus ministros encontrarão no próximo ano.

Se antes o mercado avaliava dois cenários (com a possibilidade de vitória do presidente Jair Bolsonaro), os economistas agora se debruçam para saber quais serão as novas metas fiscais de Lula, teto de gastos e como seu governo conduzirá o país diante de um cenário externo “adverso e volátil”.

Isso porque o plano de governo apresentado pelo presidente eleito se apresenta como ‘pragmático e não-liberal”, o que provoca dúvidas em integrantes do mercado financeiro.

Lula também já se mostrou avesso à privatização da Petrobras, hoje em estudo pelo governo Bolsonaro. Os investidores temem que o petista reverta a desestatização da Eletrobras, realizada neste ano.

O novo ministro da Fazenda terá que lidar com um Congresso Nacional fortemente empoderado pelas emendas de relator-geral, as RP9, orçadas em R$ 19 bilhões para o próximo ano – criadas em 2019 e implementadas em 2020.

Elas ficaram conhecidas como “orçamento secreto” por permitirem aos parlamentares que destinem recursos diretamente da União sem transparência.

Há também promessas de campanha, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600. Lula declarou que a sua gestão daria um acréscimo de R$ 150 para famílias com crianças de até 6 anos. No Orçamento do próximo está previsto o pagamento de R$ 400.

A equipe econômica do novo governo terá que encontrar fonte de custeio para este valor, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O relator-geral do plano orçamentário de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), já avisou à cúpula petista que não há espaço para bancar o benefício em R$ 600 e conceder reajuste acima da inflação para o salário mínimo.

Estima-se um rombo de mais de R$ 180 bilhões, que considera os gastos orçamentários para o próximo ano e os R$ 64 bilhões de déficit primário previsto pelo Ministério da Economia para o próximo ano.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), já demonstrou preocupação com a manutenção do Auxílio em R$ 600.

“Existe uma preocupação com [a saúde] fiscal do ano que vem pela continuidade das medidas recentes e como isso vai se encaixar”, disse durante um evento do Instituto Millenium, em São Paulo.

“A gente vai caminhar por onde qualquer tipo de política vai ter que olhar para o lado da sustentabilidade da dívida e do social ao mesmo tempo e equacionar”, afirmou.

A economia que Lula herdará

Com a Selic “travada” em 13,75%, por decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, tanto o cenário externo quanto o interno são nebulosos. Além do BC, o Relatório Acompanhamento Fiscal (RAF) de outubro da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado observa que o cenário no exterior é desfovável para um afrouxamento da política monetária.

O documento da IFI cita a invasão na Ucrânia, crise energética na Europa, inflação nos países desenvolvidos e desaceleração da economia chinesa – este último, principal parceiro comercial do Brasil.

Levando em conta esse cenário, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento real do PIB da Zona do Euro de 3,1% em 2022, desacelerando para 0,5% em 2023 (0,7 ponto percentual abaixo da estimativa realizada em julho).

Para o Brasil, a projeção do FMI é de alta de 2,8% para o Produto Interno Bruto neste ano. Em 2023, a previsão é de crescimento mais modesto, de 1%.

Recentemente, o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR), que é considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB). O indicador apontou retração de 1,13% em agosto, na comparação com julho. O resultado é calculado após ajuste sazonal e é o maior tombo mensal do índice desde março de 2021, quando houve queda de 3,6%.

Brasil de 2016 X Brasil de 2022

Quando o PT deixou o governo federal, em 2016, a inflação acumulada de 12 meses era maior que a atual: 8,97% contra 6,85%.

A taxa de desemprego também estava acima da registrada atualmente. O dólar, por outro lado, valia menos.

Veja um comparativo dos indicadores em 2016 e agora:

Deu em Metrópoles
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista