Ter casa própria e abrir um negócio são os maiores desejos do potiguar, diz pesquisa da Fiern/Mais RN
O presidente da Fiern, Amaro Sales, afirma que o levantamento reflete a atividade econômica e educacional do Estado. “Nosso objetivo é dar uma contribuição inédita para o debate e o planejamento do desenvolvimento do nosso Estado”, diz.
Uma pesquisa de experiência social revelou que o potiguar se sente alegre com a própria vida e esperançoso com o futuro do Rio Grande do Norte.
O estudo, divulgado nessa sexta-feira (27) pela Federação das Indústrias (Fiern), apontou ainda que a maioria da população tem como principais desejos comprar a casa própria, abrir o próprio negócio e conseguir um emprego.
As questões ligadas ao trabalho fazem parte de um dos pilares da pesquisa, que mostrou que a grande maioria (82%) encontra dificuldades para acessar o mercado de trabalho.
Luis Macedo
Pesquisa mostra que quase 30% dos potiguares têm o desejo de adquirir a casa própria e 51% acredita que o “futuro melhor” depende de seus próprios esforços
A pesquisa inovadora foi elaborada pelo Instituto Conectar/Mais RN e ouviu 1.000 potiguares de todas as regiões do Estado.
O raio-x do comportamento da população potiguar, encomendado pelo Núcleo de Inteligência Estratégica da Fiern, foi dividido em três dimensões: pessoal, com os sentimentos dos entrevistados em relação a própria vida e entorno familiar; econômica, que questionou os desejos e expectativas em aspectos ligados a trabalho, emprego e renda; e por fim a educacional, com as perspectivas do ensino em diferentes níveis acadêmicos.
Dimensão pessoal
De maneira geral, foi possível concluir que a esperança é o sentimento preponderante, sobretudo entre as mulheres, jovens e aqueles com grau de instrução no ensino superior.
A esperança foi o sentimento mais citado entre aqueles com mais escolaridade, enquanto que a alegria foi o mais lembrado entre as pessoas com menos escolaridade. Os mais jovens também são os que mais têm amor e carinho pelo Rio Grande do Norte. As respostas foram colhidas de perguntas que questionavam o sentimento das pessoas em relação a vida e ao Rio Grande do Norte.
Ainda na dimensão pessoal, 37% se disseram otimista com o futuro, enquanto 54% se disseram realista e somente 8% alegaram pessimismo.
O quadro mostra que a maioria (51%) acredita que o “futuro melhor” depende do próprio entrevistado, mas para 40% depende do governo e 6% confiam que as projeções positivas dependem mais de outras pessoas.
Como já citado, além da casa própria (29%), abrir o próprio negócio (24%) e conseguir um emprego (17%), os pesquisados também desejam casar/namorar alguém (15%); colocar o filho em uma boa escola/faculdade (15%); estudar/fazer faculdade ou curso novo (13%); ter um plano de saúde (12%); comprar um automóvel (11%); viajar (10%); praticar mais esportes (10%); mudar de profissão (5%); e ter um filho (3%).
Entre os homens, abrir seu próprio negócio (26%) e comprar uma casa (25%) são os desejos mais citados e estão empatados como os mais citados. Entre as mulheres, comprar sua própria casa é isoladamente o maior desejo (33%).
Outro destaque interessante entre as mulheres é o maior desejo de ter um plano de saúde. As prioridades também mudam conforme a idade dos entrevistados, o desejo de estudar/fazer uma faculdade é maior entre os jovens, empatado em primeiro lugar entre aqueles com idade entre 16 e 24 anos.
Entre quem não tem instrução está ter um plano de saúde e entre aqueles com rendimento de até 1 salário mínimo, o sonho mais presente é conseguir um emprego. Aliás, como era de se esperar, arranjar um trabalho é destaque entre os entrevistados não economicamente ativos.
O objetivo do estudo, destaca José Bezerra Marinho, coordenador do Mais RN, é conhecer as vontades pessoais da população e entender os anseios dos potiguares em relação ao próprio Estado. “A pesquisa mostra que o potiguar é alegre, grato, esperançoso, acredita no futuro do Estado e do País, e a coisa mais importante é que ele acredita ser ele o responsável por construir este futuro”, acrescenta Marinho.
“Até hoje, a gente ter trabalhado sem conhecer e entender a realidade das pessoas, e eu falo dos líderes, dos gestores do Rio Grande do Norte, convenhamos que é uma certa arrogância. Você pretender dizer o que a população precisa, sente, sofre, espera, sem fazer uma pesquisa sobre essas coisas”, comenta.
O presidente da Fiern, Amaro Sales, afirma que o levantamento reflete a atividade econômica e educacional do Estado. “Nosso objetivo é dar uma contribuição inédita para o debate e o planejamento do desenvolvimento do nosso Estado”, diz.
O presidente do Instituto Conectar, Maurício Garcia, que coordenou o estudo, ressalta que a pesquisa deve servir de base para a criação de políticas públicas.
“As informações coletadas vão ser bem utilizadas, vão ser importantes para a orientação do poder público, do poder privado e para o bem da sociedade como um todo. Agora feito o trabalho, eu fico feliz porque ficou bastante rico, tem muita coisa, são três dimensões. Vai ser relevante para que se tenha o controle da pauta que está sendo discutida, seja indústria, trabalho, geração de emprego. Isso é muito rico para o Rio Grande do Norte como um todo”, diz Garcia.
57% têm expectativa de que o Brasil melhore
As perspectivas da maioria com relação ao Estado e ao Brasil são positivas. Para 53% dos entrevistados, o Rio Grande do Norte irá crescer “nos próximos anos” e para 16% irá regredir. Outros 26% acreditam que o RN não irá nem crescer nem diminuir no futuro.
Ainda em relação ao futuro do Estado, os participantes foram questionados sobre as expectativas e 56% disseram que os próximos anos serão “muito melhor” ou um “pouco melhor”. Os pessimistas somam 14% — soma dos 6% afirmaram “um pouco pior” e 8% “muito pior”. Diante da pergunta sobre o futuro do Brasil, 57% afirmam que têm expectativa de melhora. Enquanto isso, 15% afirmam que deve piorar.
Os entrevistados pela Pesquisa Conectar/Mais RN apontaram, com um índice de 82%, que há dificuldade para buscar, atualmente, um trabalho. 58% afirmaram que é “muito difícil” procurar um novo emprego e 24% “mais ou menos difícil”.
Afirmaram que é “mais ou menos fácil” 14% e muito fácil 3%. A busca por um novo emprego foi apontada como mais difícil pelas mulheres e pelos mais velhos e menos instruídos. Entre quem tem nível superior de instrução, 43% acham que está muito difícil encontrar emprego atualmente, o que mostra que a crise atinge todos os segmentos, também de escolaridade. Na faixa dos “não economicamente ativos”, 64% dizem que está muito difícil procurar emprego atualmente.
A dificuldade é comum em todas as regiões do Estado, sendo mais flagrante no Oeste (87%) e Central (86%). Além disso, a procura é vista como mais difícil pelas mulheres, mais velhos e menos instruídos. Entre aqueles com nível superior de instrução, 43% acha que encontrar um emprego está “muito difícil”.
Dimensão educacional
No que diz respeito às impressões dos perfis sobre a educação, os potiguares acreditam que o ensino público é majoritariamente satisfatório, mas inferior ao ensino nas escolas privadas.
O retrato influencia a intenção de 67% dos pais, que gostariam de ver o filho em uma instituição privada de ensino. Já 33% dos pesquisados não gostariam que seus filhos estudassem na educação privada. Além disso, o levantamento aponta que a grande maioria (87%) vê a entrada em uma universidade como “muito importante” ou “importante”.
O contraponto é de 13%, que acreditam que o ensino superior é “pouco importante” ou “nada importante” para se conseguir um bom emprego.
A Pesquisa Mais RN/Conectar foi aplicada entre os dias 6 e 10 de maio de 2022, realizada junto à população de 16 anos ou mais do Rio Grande do Norte, tendo como fonte da amostra o censo e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e coleta de dados na aplicação de entrevista pessoais. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro de 3,1% para mais ou para menos.