Pandemia 08/03/2022 17:55

É cedo demais para liberar o uso de máscaras no Brasil?

São Paulo suspendeu o item em locais abertos, enquanto o Rio de Janeiro decretou que medida não será obrigatória até em espaços fechados; entenda os riscos

Prestes a completar dois anos de pandemia e chegando ao fim da onda da variante ômicron, o Brasil pode em breve liberar o uso de máscaras.

O estado do Rio de Janeiro decretou que a partir desta terça-feira, 8, a medida não será mais obrigatória, enquanto São Paulo suspendeu o uso somente em locais abertos.

Mas, será que é o momento de parar de usar o item mais essencial no combate ao coronavírus? Ainda em 2020, estudos já indicavam que o uso obrigatório de máscaras diminuía drasticamente o número de casos — uma pesquisa na Alemanha, por exemplo, mostrou uma redução de 47%.

Como o vírus da pandemia é transmitido pelo ar e principalmente a curtas distâncias, proteger a boca e o nariz em lugares fechados pode ser o diferencial para evitar mais um aumento nos casos.

O próprio secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse em entrevista exclusiva à EXAME no fim de fevereiro que é preciso muita responsabilidade antes de adotar a medida. “Estamos avaliando bem os números, para que no momento oportuno tomemos esta decisão, sem a necessidade de recuo

No Brasil, a média diária de mortes vem caindo desde a semana passada — reflexo do fim da onda da ômicron, que impactou países do mundo inteiro no início deste ano — e o balanço desta segunda-feira, 7, mostrou uma média móvel de 430, ante 455 na semana anterior.

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), junto com o Instituto FSB Pesquisa, feita em dezembro, mostra que os brasileiros estão totalmente divididos em relação ao uso de máscaras no futuro: 36% afirmam que vão usar máscaras apenas em algumas situações, 35% falam que vão continuar a usar máscaras mesmo que não seja obrigatório e 28% dizem que vão deixar de usar máscaras quando não for mais obrigatório.

Na avaliação de Rosana Richtmann, médica infectologista do Instituto Emílio Ribas, não é cedo para liberar a máscara em ambientes abertos, considerando que seja em regiões onde o número de casos está em queda, como os municípios de SP e RJ. No Brasil como um todo o assunto fica mais complexo, já que cada estado tem situações epidemiológicas diferentes.

Porém, a baixa porcentagem de crianças com a segunda dose, além de outros fatores, indicam que não é o momento ideal para deixar de usar o item em espaços fechados, como decretou o Rio de Janeiro. “Precisamos manter a vigilância e observar o que vai acontecer daqui para a frente”, avalia a infectologista.

Deu em Exame

 

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista