Comportamento 07/01/2022 12:15

Se afastar das redes é a única solução? (3)

“é importante avaliar o tempo despendido nas redes sociais, que têm potencial aditivo. Há correlação positiva entre o tempo de uso e os riscos para ansiedade e depressão”.

Para tentar encontrar uma solução aos problemas enfrentados pelos usuários das redes sociais que se sentem afetados pela felicidade tóxica, o Correio ouviu três especialistas.

Carla Furtado, mestre em psicologia e pesquisadora, aconselhou o usuário a prestar atenção aos próprios sentimentos e “observar que emoções são deflagradas, à medida que se verifica o feed de uma rede social”.

“Imagine uma reta na qual em um dos extremos há emoções de valência muito negativa, no outro extremo emoções de valência muito positiva e no centro emoções neutras. Em que ponta dessa reta você se percebe enquanto navega nessas redes? Vale a pena permanecer? Há perfis específicos que deflagram mais emoções de valência negativa? Se há, quais são eles? Que tal se apropriar da liberdade de dar unfollow?”, pontuou a especialista.

Além disso, ela garante que “é importante avaliar o tempo despendido nas redes sociais, que têm potencial aditivo. Há correlação positiva entre o tempo de uso e os riscos para ansiedade e depressão”.

A psicanalista Ciomara Schneider concorda com Carla. Para ela, o importante é usar as redes sociais com moderação .

“Tudo o que é moderado, que não toma o precioso tempo de viver e fazer as ocupações do cotidiano, pode fazer bem. Viver com leveza, aprender a rir de si mesmo, valorizar as coisas mais simples, da sua própria escolha, isso realmente pode ajudar. Sonhar é bom, ainda bem que não é proibido, mas sonhe com aquilo que faz bem, que faz sentido para você. Tenha amigos de verdade por perto, se queixe, ouça a queixa dos outros. Planeje um pouco, mas não se torture com alta eficiência, estude, trabalhe, descanse e ame, na medida do seu possível”, recomendou.

Já a psiquiatra Renata Figueiredo, sugeriu que os usuários deem espaço para as emoções negativas.

“Preocupação, ansiedade e chateação com alguma situação do cotidiano fazem parte do funcionamento cerebral humano e são estratégias para nos manter vivos, evitando os potenciais riscos. Somente quando exagerada que pode gerar estresse que, a longo prazo, também faz mal. Ter equilíbrio, escutar os outros com empatia e validar os sentimentos dos outros, inclusive dos que têm opiniões contrárias”, disse a presidente da APBr.

“Quando não estiver bem, tentar entender o motivo, validar seus próprios sentimentos, ponderar e modificar o que for preciso”, finalizou.

Por fim, Gabriela, que usou o Instagram para publicar a mesma história que contou para a reportagem do Correio, disse que a melhor alternativa para ela foi se ausentar das redes.

“Depois que eu publiquei meu relato, desabafei e atingi algumas pessoas, decidi tirar férias novamente do lugar tenebroso que é o Instagram, que só tem me despertado repulsa”, concluiu.

Deu em Correio Braziliense

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista