Ciência 19/10/2021 10:28

O ser humano perdeu o rabo há 25 milhões de anos

Por acaso, alguma vez você já olhou para a parte traseira do seu corpo e se perguntou onde está sua cauda?

Por acaso, alguma vez você já olhou para a parte traseira do seu corpo e se perguntou onde está sua cauda?

Isso parece uma piada ou um tipo de pregunta que uma criança faria inocentemente. Mas, para os cientistas, isso é um assunto sério.

Afinal, se nós, seres humanos, somos tão parecidos com os macacos, biologicamente falando, por que eles têm caudas e nós não temos?

“Essa é uma boa questão”, reconhece Bo Xia, estudante de pós-graduação em biologia de células-mãe na Escola de Medicina Grossman, da Universidade de Nova York.

A verdade é que a cauda – no Brasil também chamada de “rabo” – pode ter múltiplos benefícios no mundo animal.

Desde que surgiram nos primeiros seres vivos, há mais de 500 milhões de anos, as caudas – ou os rabos – assumiram vários papéis.

Nos peixes, elas ajudam na propulsão dentro d’água. Nos pássaros, ajudam na realização do voo. Nos mamíferos, colaboram para o equilíbrio dos animais.

Pode ser também uma arma de defesa, como no caso dos escorpiões. Ou usado como um sinal de advertência, como fazem as serpentes do tipo cascavel.

Nos primatas, a cauda adapta-se a uma variedade de ambientes. Os macacos-uivadores, nativos das Américas do Sul e Central, por exemplo, têm uma cauda larga e preênsil (adaptada a prender e segurar coisas) que os ajuda a agarrar galhos ou alimentos quando estão sobre as árvores.

Mas os hominídeos, a família de primatas que inclui os seres humanos e os grandes símios, como orangotangos, chimpanzés e gorilas, não têm caudas.

Por que e como ocorreu o desaparecimento das caudas na evolução dos hominídeos são perguntas que têm intrigado cientistas há décadas.

A resposta parece estar em uma mutação genética recém-descoberta que afetou de alguma maneira os genes que davam forma à cauda dos hominídeos, uns 25 milhões de anos atrás.

A mutação sobreviveu ao longo do tempo e foi passando de geração para geração, mudando a locomoção dos hominídeos, o que pode estar relacionado ao fato de que nós humanos caminhamos sobre duas pernas.

“Tudo isso parece estar relacionado e ocorreu em torno do mesmo período evolutivo. Mas não sabíamos nada da genética que atua nesse processo de desenvolvimento e, logicamente, na evolução”, acrescenta Xia.

“Como se pode imaginar, esse é um dos pontos evolutivos cruciais, o que nos faz humanos.” E, para comprová-lo, Xia aplicou a mesma mutação em camundongos.

O que se observou foi que os camundongos desenvolveram formas diferentes de caudas. Alguns tinham caudas mais curtas, enquanto em outros não cresceu cauda alguma.

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Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista