Aviação 12/09/2021 11:11

Conheça a Eve, a marca de ‘carros voadores’ da Embraer

Divisão focada em mobilidade urbana, Eve quer povoar os céus de grandes cidades com os eVTOLs, veículos elétricos de pouso e decolagem verticais

A era dos “carros voadores” está perto de começar, e a Embraer é um dos nomes que pode ajudar a escrever essa história. Ou melhor, a Eve Urban Air Mobility é quem vai assumir essa nova frente de trabalho nos negócios da fabricante aeronáutica brasileira.

A Eve é o empreendimento mais recente da Embraer. A subsidiária foi lançada em outubro de 2020 pela EmbraerX, divisão da fabricante brasileira focada em projetos de “inovação disruptiva”, como ela mesma se define.

O objetivo da nova empresa é acelerar a criação de soluções para tornar o mercado de Mobilidade Aérea Urbana (UAM) uma realidade.

Isto quer dizer que a Eve vai participar do desenvolvimento de todas as etapas necessárias para habilitar o mercado UAM.

É uma atuação que compreende criação de bases de serviços e redes de suporte, pontos de embarque e desembarque de passageiros em centros urbanos, adaptações nos regulamentos de tráfego aéreo e, claro, a produção dos eVTOLs (sigla em inglês para veículos elétricos de pouso e decolagem vertical), aeronaves que vêm sendo chamadas informalmente de “carros voadores”.

“Uns chamam de carro voador, mas não é um carro. É uma aeronave. O eVTOL é algo que mais se aproxima de um avião comercial. Outro termo que surgiu recentemente, e particularmente achei mais fácil de pronunciar em português, foi EVA, de Eletric Vertical Aircraft”, disse André Stein, CEO da Eve, em entrevista à CNN Brasil Business em julho.

O primeiro vislumbre do eVTOL da Embraer se deu em maio de 2018 durante uma conferência de mobilidade aérea promovida pela Uber, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Em março deste ano, com o projeto sob a tutela da Eve, um modelo da aeronave em escala reduzida e controlada remotamente completou o voo inaugural, na sede da companhia em Gavião Peixoto (SP).

Trata-se de uma aeronave bem diferente de um avião ou um helicóptero. O protótipo da Eve, por exemplo, tem uma configuração exótica com 10 motores elétricos a hélice, sendo oito deles para permitir a sustentação vertical e outros dois para o impulso horizontal. Mais adiante, o design do eVTOL brasileiro será refinado e preparado para acomodar até quatro passageiros.

Ecossistema do eVTOL

O mercado de Mobilidade Aérea Urbana, por ora, é apenas um conceito de transporte público.

A ideia original foi anunciada em 2016 pela Uber, por meio da iniciativa Uber Elevate, na qual ela desafiou a indústria a desenvolver novas tecnologias para viabilizar o projeto – que desde o ano passado é administrado pela Joby Aviation, dos Estados Unidos.

A Embraer (e depois a Eve) e diversas outras fabricantes de aviões, helicópteros e até de automóveis aceitaram o desafio da Uber e iniciaram variados projetos de eVTOLs de passageiros.

A empresa brasileira, no entanto, encontrou nesse novo nicho uma série de oportunidades de negócios que compreendem toda a cadeia de tecnologias e de infraestrutura necessárias para a introdução do novo modal de transporte.

“Quando falamos em desenvolver a Mobilidade Aérea Urbana, não estamos falando apenas em projetar um veículo, mas todo um ecossistema. Tem muito mais a ser feito, e todas essas frentes devem avançar juntas, como indústria”, disse Stein.

ecossistema dos eVTOLs pode ser tão complexo quanto o da aviação comercial. Uma das questões é sobre como será realizada a recarga das aeronaves elétricas. Para avançar nessa frente, a Eve firmou uma parceria com a EDP Brasil, empresa tradicional do setor de energia.

As soluções a serem desenvolvidas incluem tecnologia e equipamentos para carregamento das aeronaves, baterias elétricas mais eficientes, formatos de negócios, gestão e fornecimento de energia, logística de operação e integração com o sistema de gerenciamento e controle de voo.

gerenciamento do tráfego dos eVTOLs é outro obstáculo, pois futuramente eles contarão com controles autônomos.

Esses veículos vão ocupar uma nova via aérea, voando abaixo dos helicópteros e aviões, por isso, será necessária uma série de mudanças nos regulamentos de gerenciamento e controle de voo para permitir a entrada dessas aeronaves.

Para desenvolver essa área, a Eve trabalha em conjunto com a Atech, outra subsidiária do grupo Embraer, especializada no desenvolvimento de sistemas e aplicação de tecnologias.

À medida que os projetos de eVTOLs avançam em testes de voo, também estão em andamento projetos sobre os “vertiportos”, espécie de aeroporto urbano onde os veículos de pouso e decolagem farão os embarques e desembarques de passageiros.

No caso da Eve, ela está trabalhando em parceria com a Skyports, especialista em infraestrutura aeroportuária, para implementação das soluções de UAM em mercados na Ásia e nas Américas.

Para isso tudo virar realidade, a Eve e seus parceiros precisam falar com as autoridades.

A subsidiária da Embraer, por exemplo, tem estudos de viabilidade dos eVTOLs (serviços relacionados) com agências reguladoras de aviação civil, como a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) no Brasil e a Civil Aviation Authority no Reino Unido.

Deu em CNN

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista