Pandemia 02/06/2021 09:28

Por que Reino Unido vive risco de terceira onda de covid, apesar do sucesso na vacinação

Há sinais de que o Reino Unido esteja nos estágios iniciais de uma terceira onda de infecções por coronavírus, segundo um cientista que assessora o governo.

Há sinais de que o Reino Unido esteja nos estágios iniciais de uma terceira onda de infecções por coronavírus, segundo um cientista que assessora o governo.

O professor Ravi Gupta, da Universidade de Cambridge (Inglaterra), disse que embora os novos casos sejam “relativamente baixos”, a variante indiana do vírus está contribuindo para um “crescimento exponencial”.

Ele defendeu que o fim das restrições na Inglaterra, previsto para 21 de junho, seja adiado.

O secretário do Meio Ambiente, George Eustice, disse que o governo não pode descartar um adiamento do fim das restrições.

Mas líderes empresariais alertaram que haveria um impacto negativo na economia caso haja mudança no cronograma.

Na segunda-feira (31/5), o Reino Unido registrou mais de 3 mil novas infecções por covid pelo sexto dia consecutivo.

A última vez que o país ultrapassou esse número foi em 12 de abril.

Nenhuma morte dentro de 28 dias após um teste positivo foi registrada na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. Apenas uma morte foi registrada na Escócia.

Em entrevista à BBC, Gupta disse que o Reino Unido já está vivendo uma terceira onda de infecções e que pelo menos três quartos dos novos casos são da variante identificada na Índia.

“É claro que o número de casos está relativamente baixo no momento — todas as ondas começam com um baixo número de casos e depois há uma ‘explosão’, então o importante é que estamos vendo aqui os sinais de uma onda inicial.”

No entanto, ele disse que, com a vacinação, essa onda provavelmente vai demorar mais para surgir, em comparação com ondas anteriores.

“Pode haver uma falsa sensação de segurança por algum tempo, e essa é a nossa preocupação.”

O estágio final de reabertura, planejado para o dia 21 de junho, removeria todos os limites de quantas pessoas podem se encontrar — seja em ambientes fechados ou ao ar livre. Atualmente, há limites no número de pessoas que podem se encontrar, dependendo do país e do tipo de ambiente.

Gupta, que é membro do Grupo de Aconselhamento sobre Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes (Nervtag), disse que o fim das restrições em junho deve ser adiado “por algumas semanas enquanto coletamos mais informações”.

Enquanto isso, Chaand Nagpaul, presidente do conselho da Associação Médica Britânica, disse que o Reino Unido está em um “momento crucial” em sua batalha contra o vírus, e pediu aos ministros que “ajam com o máximo de cautela ao considerarem se devem prosseguir com a suspensão das restrições” em 21 de junho.

“O fim prematuro de todas as restrições legais, que resultasse em uma onda de infecções, prejudicaria os esforços de nosso serviço de saúde para lidar com o maior nível de acúmulo de atendimento que já enfrentamos”, disse ele.

“Isso também aumentaria as demandas da equipe que está exausta, tanto mental quanto fisicamente.”

Em março, quase 5 milhões de pacientes aguardavam algum tipo de cirurgia — o maior número desde que os dados começaram a ser computados.

Mais de 436 mil estão esperando há mais de um ano, segundo o NHS (o SUS britânico) — em comparação com apenas 1,6 mil antes da crise da covid.

Deu na BBC

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista