Pandemia 16/05/2021 09:06

O pior passou? O que significa a redução de casos e mortes por Covid

Especialistas comentam que, apesar da estabilidade atual, o Brasil está longe de controlar a epidemia provocada pelo coronavírus

Com a diminuição de casos confirmados de Covid-19 e da média móvel de mortes decorrentes da doença nos últimos dias, surge novamente a esperança de que o Brasil esteja controlando a epidemia provocada pelo novo coronavírus.

Para o país que registrou 4.249 mortos em 8 de abril, um patamar baixo seria um alívio na tragédia coletiva.

Quando se trata, no entanto, de uma doença infecciosa, existem poucas certezas sobre a maneira como o cenário pode evoluir. Nessa sexta-feira (14/5), a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade do Espírito Santo, lançou alerta no Twitter:

“Casos novos subindo perigosamente. Isso significa internações e óbitos nas próximas semanas. Se cuidem!”.

Na quinta-feira (13/5), o epidemiologista Wanderson de Oliveira, que fez parte da equipe do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, deu declaração semelhante a jornalistas em uma linha de transmissão de mensagens.

“Estamos sentados em um barril de pólvora”, afirmou, em alusão ao índice de estabilização do país no patamar de cerca de 2 mil mortes diárias.

A opinião dos especialistas é que, sim, o pior da 2ª onda passou, mas estamos em patamar muito alto ainda.

A curva epidemiológica se estabilizou em um platô elevado, fator que ameaça o controle da epidemia. “Índice de cerca de 2 mil mortes em média não pode ser considerado ‘normal’. Estamos dando ‘cavalo de pau’ à beira do precipício”, alerta Wanderson.

Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Claudio Maierovitch considera que o cenário ainda é trágico.

“As previsões sobre o futuro da pandemia estão muito incertas. Eu diria que ficaremos mais ou menos neste patamar trágico até junho, e só depois veremos o número de mortes cair”, aponta. De acordo com Maierovitch, a reabertura que vem sendo implementada pelos governadores desde abril não permitiu que o vírus fosse, de fato, controlado.

Dentro desse contexto, duas outras situações preocupam. O Brasil, praticamente, não faz vigilância epidemiológica – os testes são insuficientes e os contatos dos possíveis infectados não são mapeados –, e a imunização caminha em ritmo lento.

“Se o Brasil deseja sair das cordas, a vacinação deveria estar em 1,5 milhão de doses por dia. Estamos muito longe dessa meta”, frisa Wanderson de Oliveira.

Deu em Metrópoles

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista