Uncategorized 12/05/2021 06:03

“Não existe proteção absoluta para quem recebeu a vacina da Coronavac”, diz cientista

A microbiologista Natália Pasternak disse à CNN que "esses 100% foram um erro grave de comunicação dos resultados do Butantan naquela época".

Quando os estudos clínicos da Coronavac foram anunciados pelo Instituto Butantan, que fabrica o imunizante no Brasil, o diretor da instituição, Dimas Covas, afirmou que a vacina dava 100% de proteção contra casos graves da doença, informação criticada por especialistas.

A microbiologista Natália Pasternak disse à CNN que “esses 100% foram um erro grave de comunicação dos resultados do Butantan naquela época”.

Segundo ela, o número divulgado estava baseado na amostra de pessoas que participaram do estudo, um número pequeno quanto se compara com a quantidade de vacinados no Brasil.

Para Alex Precioso, diretor de farmacologia do Instituto Butantan, a informação não estava incorreta, mas estatisticamente limitada.

Das 13 mil pessoas que participaram do estudo, sete adoeceram, todas do grupo que recebeu o placebo, e nenhuma morreu.

“Agora a realidade é outra, não estamos mais no estudo clínico, estamos no mundo real, onde a vacinação está ocorrendo a partir de um Programa Nacional de Imunizações”, explica Precioso. “Um maior número de pessoas já foi vacinada em relação ao próprio estudo clínico, e aí sim temos a possibilidade de encontrar casos [da forma grave da doença]”.

Os especialistas são unânimes em afirmar que o desempenho da Coronavac tem sido muito bom e que é extremamente importante que a população siga se vacinando.

“A vacina trabalha com redução de risco. Isso é o que qualquer vacina faz, não existe vacina 100%”, pontua Pasternak.

O Chile, país que já está adiantado na vacinação, fez um estudo após aplicar quase 12 milhões de doses da Coronavac. A pesquisa revelou que a vacina tem 80% de efetividade em prevenir óbitos em decorrência da Covid-19.

Para Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), muito provavelmente a efetividade da vacina no Brasil também deve ser de aproximadamente 80%. “Nós estamos avaliando essa efetividade no estado de São Paulo, e esperamos ter esses resultados em breve”.

Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que “nenhuma vacina é 100% eficaz” e que a vacinação é uma “medida de controle coletivo”.

“A melhor forma de se prevenir é se vacinar, continuar com todas aquelas medidas que já comentamos, porque isso vai fazer com que o vírus, eventualmente, num determinado momento, tenha sua circulação diminuída, e é esse cenário que vai ser importante para controlar a pandemia”, afirmou Alex Precioso, do Butantan. “Para se chegar a esse cenário, temos que ter a maior parte da população vacinada”.

Deu na CNN

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista