Jornalismo 03/05/2021 06:12

A preocupante expulsão de jornalistas estrangeiros da China: ‘País está se fechando’

A China é um país extremamente difícil para um jornalista, não importa que cobertura ele ou ela faça.

E a situação só está piorando: no ano passado, o país expulsou pelo menos 18 correspondentes estrangeiros.

Neste mês, o jornalista da BBC John Sudworth se juntou ao grupo de jornalistas que tiveram de deixar a China continental.

Ele se mudou para Taiwan em meio a assédio e perseguição pelas autoridades.
“A China está definitivamente se fechando”, avisa o analista Jeremy Goldkorn. “Parece que estamos de volta aos anos 90.”

Goldkorn viveu duas décadas no país e hoje é um importante analista da China. É editor-chefe do site SupChina e cofundador do podcast Sinica, duas plataformas que explicam a China ao Ocidente quebrando estereótipos.

A BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, conversou com Goldkorn sobre o tratamento que o governo chinês confere à imprensa estrangeira, sobre o poder do Partido Comunista, os abusos contra a minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang, onde há graves violações de direitos humanos cometido pelo governo chinês e denunciado pela imprensa, e a “diplomacia da vacina” chinesa durante a pandemia da covid-19.

BBC – A China está fechando suas portas para a imprensa estrangeira?

Jeremy Goldkorn – Em uma palavra, sim. Está dificultando sua entrada e está fazendo isso de diferentes maneiras: por exemplo, retardando o processo de concessão de um visto ou com o tipo de comportamento que afastou John Sudworth, que é um assédio direto.
Também o faz se recusando a renovar vistos, como fez com três meios de comunicação dos Estados Unidos, em retaliação a decisões americanas no ano passado.
Mas também está ficando mais difícil trabalhar na China.
Então, a China definitivamente está se fechando, parece que estamos de volta aos anos 1990, antes do grande fluxo de correspondentes que vieram a Pequim para as Olimpíadas. Eles estão voltando no tempo.

BBC – Você acha que a premiada reportagem de John Sudworth sobre a situação em Xinjiang foi o principal motivo da campanha de pressão das autoridades contra ele e sua família?

Goldkorn – Creio que sim.

Faz sentido, porque foi a reportagem crítica mais proeminente que ele já fez e, se você notar, nos últimos dois meses, o governo chinês redobrou uma intensa e bem financiada campanha de propaganda em Xinjiang, abrangendo jornalistas da mídia estatal e outros no Twitter a documentários caros da CGTN (o serviço de língua inglesa da rede estatal chinesa) ou um filme de propaganda que foi exibido na embaixada australiana.

Deu na BBC

 

Ricardo Rosado de Holanda


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