Pandemia 02/05/2021 08:54

Jovem perde noivo para a Covid-19 no dia do casamento: ‘Nossos sonhos ficaram para trás’

Bruno Silva tinha 30 anos e morreu em Assis (SP) no dia 17 de abril, data em que se casaria com Beatriz Miranda, após um relacionamento de 11 anos.

Um jovem de 30 anos morreu de Covid-19 em Assis (SP) no dia em que se casaria com a namorada. A data do casamento estava marcada havia um ano e deveria ter sido o dia mais feliz das vidas de Bruno Silva e Beatriz Miranda.

A noiva conta que todos em sua casa contraíram o coronavírus, mas apenas Bruno evoluiu para o estado grave da doença. Depois que a jovem fez o teste para a Covid-19 e o resultado foi positivo, o noivo começou a trabalhar em home office e ficou isolado com a família.

No entanto, ele começou a apresentar os sintomas da doença no dia 27 de março e buscou atendimento na UPA da cidade no dia 30, com falta de ar e dores no corpo. No dia 31 de março, o publicitário foi transferido para o Hospital Regional de Assis, conta a noiva.

Ainda de acordo com Beatriz, uma tomografia foi feita no hospital e os médicos constataram que ele já estava com 50% do pulmão comprometido pelo coronavírus. Bruno ficou internado por 10 dias na clínica, mas o quadro começou a se agravar e ele precisou ser transferido para a UTI, onde acabou morrendo no dia 17 de abril, data em que se casaria.

A vítima apresentava baixa saturação e cansaço excessivo para fazer movimentos simples, como se sentar, trocar de roupa e tomar banho. Segundo a jovem, dois dias antes de vir a óbito, o pulmão dele já estava 85% comprometido pela doença.

“Ele foi para a UTI depois de 10 dias, porque a saturação estava abaixando. Conseguimos uma vaga, ele ficou uma semana e depois fez uma nova tomografia, que detectou que ele estava com 85% do pulmão comprometido, dois dias antes de falecer. Ele foi intubado na quinta-feira, dia 15, às 9h. Mesmo com a máscara VNI, ele não conseguia respirar, e faleceu no dia 17, sábado”, conta a noiva.

A possibilidade de intubar Bruno começou a ser cogitada ainda no início da semana em que ele morreu devido à baixa saturação apresentada. Beatriz explica que, depois de um dia com a saturação um pouco melhor, a família começou a ter esperanças, mas, no dia seguinte, o quadro da vítima piorou e o médico disse a eles que se o paciente não fosse intubado não resistiria.

“A hipótese de intubar começou na terça (13). Na quarta (14), a saturação subiu um pouquinho, ele deu uma melhorada, conseguiram fazer a VNI, mas, quando foi na quinta (15), ele já apresentou uma piora, e o médico disse que ou intubava ou ele morreria”, relata Beatriz.

A doença evoluiu muito rápido em Bruno. Apesar de ser sedentário, ele era jovem e não tinha nenhuma comorbidade, mas o comprometimento do pulmão fez com que passasse a sentir grande dificuldade não só para se movimentar, mas também para falar.

A mãe da vítima, Ivani Aparecida, diz que, na semana em que veio a óbito, Bruno já não tinha mais energia para conseguir falar sem dificuldade. Ela recorda que, em uma das conversas que teve com o filho, leu a palavra “medo” nos seus lábios. O pai de Bruno não continha a emoção toda vez que tentavam falar com o filho.

“Eu falava para ele: ‘você não precisa ficar falando’. Na primeira vez que falamos com ele, ele já não conseguia falar, estava fraco e o pai dele até chorou de preocupado. Eu só mandava vídeos bons para ele e pedia para ele não responder e ele ficava respondendo por emoticon. Ele queria casar, dizia que queria casar. O Bruno falava, mas não saía a voz, a gente lia nos lábios dele a palavra ‘medo’. Ele tinha muito medo e já não conseguia mais falar.”

Deu em G1

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista