Economia 19/01/2021 09:44
Indicador do BC mostra desaceleração da atividade econômica
IBC-Br avança 0,59% em novembro. Índice ficou acima do previsto pelo mercado, mas abaixo do ritmo dos meses anteriores. No ano, acumula queda de 4,63%. Para analistas, desaceleração reflete a pandemia, corte do auxílio emergencial e desemprego elevado
A retomada da economia brasileira vem perdendo força, apesar de o ministro da Economia Paulo Guedes, apostar em uma ‘recuperação em V’ do choque sofrido no início da pandemia de covid-19.
É o que aponta o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC). Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador cresceu 0,59% em novembro do ano passado.
O IBC-Br de novembro representou o sétimo mês consecutivo de recuperação da atividade econômica e veio levemente acima do esperado pelo mercado, que projetava alta de 0,5%. Porém, também revelou uma desaceleração do ritmo de retomada da economia.
É que o índice vinha apresentando taxas mais robustas de crescimento após o baque de 9,49% sofrido em abril. Ontem, o BC ainda revisou de 0,86% para 0,75% o IBC-Br de outubro.
“Os dados mostram uma recuperação mais lenta do que a imagem que o governo tenta passar”, analisou o economista da Órama Investimentos Alexandre Espírito Santo. Ele acredita que a retomada econômica não tem o formato de um V, como diz o ministro Paulo Guedes.
E explica: embora tenha demonstrado força no início da retomada, sobretudo entre junho e julho, a economia, agora, caminha mais devagar e, por isso, ainda não retomou o nível pré-pandemia.
De acordo com o IBC-Br, em novembro, a atividade econômica ainda estava 1,9% abaixo do patamar pré-pandemia, e acumulava um baque de 4,63% no ano, mesmo depois de sete meses de recuperação. O resultado aponta para uma contração de 0,83% da economia nacional entre novembro de 2020 e o mesmo período de 2019.
Para os analistas, a desaceleração da retomada é reflexo de uma série de fatores. Entre eles, a redução do auxílio emergencial, que ajudou a reerguer o comércio, mas caiu de R$ 600 para R$ 300 em setembro e chegou ao fim em dezembro.
A alta da inflação e o avanço do desemprego também têm reduzido o poder de compra da população. Não à toa, o resultado menor do IBC-Br coincidiu com a desaceleração das vendas do comércio, que, após seis meses consecutivos de crescimento, tiveram variação negativa de 0,01% em novembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Também contribui com esse movimento o recrudescimento da pandemia de covid-19.
O aumento de casos do novo coronavírus tem levado muitas cidades a endurecerem as medidas de isolamento social, o que pressiona ainda mais o setor de serviços, que responde por dois terços da economia brasileira, mas tem demorado a se recuperar do baque sofrido no início da pandemia, já que depende do contato social para funcionar.
“A resistência à recuperação apresentada pelo setor de serviços, o mais sensível à dinâmica de contágio do vírus, continua sendo um dos principais entraves para uma recuperação mais sólida da atividade como um todo.
O arrefecimento na taxa de avanço também repercute a perda de tração no consumo das famílias, decorrente da redução do auxílio emergencial pela metade”, comentou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Deu no Correio Braziliense
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