Saúde 19/11/2020 11:53

Homem teve Covid-19 três vezes e o coronavírus sofreu 66 mutações no corpo dele

Paciente de 45 anos, que acabou morrendo, tomava medicamentos imunossupressores – e desenvolveu a doença três vezes ao longo de 154 dias; alterações genéticas do vírus se concentraram na proteína spike, usada para infectar células humanas 

Paciente de 45 anos, que acabou morrendo, tomava medicamentos imunossupressores – e desenvolveu a doença três vezes ao longo de 154 dias; alterações genéticas do vírus se concentraram na proteína spike, usada para infectar células humanas 

O caso, em que o Sars-CoV-2 surpreende pela persistência e pela rápida evolução, é narrado em um artigo científico publicado no New England Journal of Medicine e assinado por médicos da Harvard Medical School, do MIT e de um hospital de Boston, onde o homem foi internado.

Tudo começa quando, acometido de febre, ele procura ajuda médica e é diagnosticado com Covid-19 (um teste do tipo PCR, o mais preciso, indica a presença do novo coronavírus no corpo dele).

O homem é admitido no hospital e recebe cinco dias de remdesivir, um antiviral que tem demonstrado alguma eficácia contra o Sars-CoV-2.

No sexto dia, ele tem alta e vai para casa, com a orientação de permanecer isolado.

Ele sofria de síndrome antifosfolipídica (SAF), uma doença em que o sistema imunológico ataca proteínas do sangue, levando à formação de coágulos.

Por isso, estava tomando anticoagulantes, corticoides e, o mais relevante, medicamentos imunossupressores – que provavelmente afetaram a resposta do seu corpo ao vírus.

No 39o. dia, exames PCR indicam que o homem está curado da Covid. Mas ele continua se queixando de dores abdominais, cansaço e dificuldade em respirar.

No 68o. dia, é internado com baixo nível de oxigênio no sangue, e o PCR volta a indicar a presença do vírus no organismo. O homem recebe dez dias de remdesivir, e os exames PCR -que são repetidos várias vezes- dão negativo. Ele está curado, pela segunda vez, da Covid-19.

Mas um mês depois, no 105o. dia, o paciente retorna ao hospital com uma grave infecção de pele, e é internado mais uma vez.

No 111o. dia, ele volta a apresentar baixo nível de oxigênio no sangue e precisa de ajuda mecânica para respirar. Os médicos temem que a síndrome antifosfolipídica esteja causando hemorragia nos alvéolos pulmonares, e por isso aumentam as doses dos medicamentos imunossupressores.

No 128o. dia, mais de quatro meses após o diagnóstico inicial, exames novamente indicam a presença do Sars-CoV-2 no organismo.

O paciente toma remdesivir por cinco dias, e o vírus desaparece.

Deu em Superinteressante

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista