Brasil 27/10/2020 14:49

Percepção ruim do mundo hoje sobre Brasil é mais ‘resfriado do que câncer terminal’, diz pesquisador de ‘bons países’

No mundo atual, o que torna um país bom? O consultor político britânico Simon Anholt defende que políticos eleitos localmente têm responsabilidade também sobre os desafios conjuntos da humanidade e, portanto, um "mandato duplo": de servir aos interesses de seus povos e ao mesmo tempo cooperar para a solução dos problemas em comum, em vez de apenas praticarem a "idolatria da competição" entre países.

No mundo atual, o que torna um país bom?

O consultor político britânico Simon Anholt defende que políticos eleitos localmente têm responsabilidade também sobre os desafios conjuntos da humanidade e, portanto, um “mandato duplo”: de servir aos interesses de seus povos e ao mesmo tempo cooperar para a solução dos problemas em comum, em vez de apenas praticarem a “idolatria da competição” entre países.

Simon Anholt é conhecido por dar consultoria a políticos e governos a respeito de como melhorar sua reputação internacional e por elaborar o “Ranking do Bom País” (The Good Country Index), que mede o quanto cada país contribui para o bem-estar coletivo, em relação ao seu tamanho e economia.

Ele também têm um ranking que avalia mensalmente o desempenho de políticos — e que, em novembro de 2019, escolheu o brasileiro Jair Bolsonaro como o pior exemplo de todo o mundo por seu gerenciamento das queimadas na Amazônia.

Anholt acaba de lançar o livro The Good Country Equation – How We Can Repair the World in One Generation (em tradução livre, A equação do bom país — como consertar o mundo em uma geração), com ideias para driblar a nossa dificuldade — a despeito de todo o acúmulo de conhecimento, tecnologia e evolução da humanidade — em fazer o mundo “funcionar bem”.

Em entrevista à BBC News Brasil, Anholt discute a imagem externa do Brasil — e até que ponto devemos nos preocupar com ela —, o descrédito das instituições internacionais, que diz ser culpa do “tédio” e “falta de criatividade” delas próprias e formas de melhorar o cenário político global.

BBC News Brasil – Uma das perguntas que você levanta é: ‘seu país é bom para o mundo?’. Qual resposta você daria para o Brasil neste momento?

Simon Anholt – Para ser sincero, não acho que o Brasil esteja se comportando de modo tão diferente em relação às últimas décadas. Diversas questões políticas e uma figura política em particular, o presidente (Jair Bolsonaro), fizeram as pessoas achar que o Brasil mudou. Não acho que países mudem tão rapidamente ou facilmente (em relação a seu papel no mundo).

O Brasil tem um papel bastante proeminente e útil em sua região e consequentemente no mundo. Sim, tem havido as brigas em torno dos incêndios na Amazônia e mudanças no tom e estilo de governo, mas isso acontece. Na vida total de uma nação, isso são resfriados de algumas semanas, e não um câncer terminal.

O Brasil não é (um pária como) a Coreia do Norte nem corre o risco de se tornar. Ainda é um país fundamentalmente democrático, com uma população que fundamentalmente acredita nos mesmos valores que 90% da população mundial, preocupada com o planeta e querendo viver em paz segurança, como o resto do mundo.

Deu na BBC

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista