Jornalismo 21/10/2020 12:08

Estou na História de Natal e do Brasil e nem lembrava mais

Hoje pela manhã, passeando pela internet, vi no Facebook uma foto e uma história.

Hoje pela manhã, passeando pela internet, vi no Facebook uma foto e uma história.

Da qual participei e nem lembrava mais.

A foto foi relembrada pelo site Fatos e fotos de Natal Antiga.

Não por causa da foto. Sobre ela o autor vai contar abaixo.

Mas por uma atuação profissional jornalística que colocou no roteiro da visita do então Presidente Ernesto Geisel a Natal, um antigo auxiliar e amigo que o General conheceu por aqui lá pelo início dos anos 30 do século passado.

A história está contada por um dos filhos de Seu Sizenando.

Também está no livro Dos Bondes ao Hippie Drive-in, dos irmãos Carlos e Fred Sizenando, velhos amigos e contemporâneos da Afonso Pena nos anos 60/70.

Leiam a história e onde eu entro nela:

O Interventor Aluísio Moura governou o RN a partir de 1931. O então tenente Ernesto Geisel – ligado aos revolucionários militares da época – foi nomeado secretário geral e chefe de polícia do estado.

Café Filho havia sido preso juntamente com outras pessoas acusadas de conspirarem contra o governo do estado. Geisel apurousumariamente as denúncias e as julgou improcedentes.

Imediatamente exigiu do governo reparação oficial.
Aluísio Moura, insuflado por prefeitos e lideranças anticafeístas não atendeu a Geisel e outra crise foi gerada culminando com o afastamento de todos aqueles ligados aos revolucionários de 1930
e colocação de pessoas do Partido Republicano em posições chavesdo governo.

Em 1975, 44 anos depois, Ernesto Geisel era Presidente da República e iniciava a “abertura lenta e gradual”. Em 25 de setembro ele voltaria pela primeira vez a Natal para o lançamento de dois foguetes – sonda na Base da Barreira do Inferno.

Sizenando estava oficialmente aposentado, mas ainda em atividade na Secretaria de Interior e Justiça, mesmo aos 74 anos de idade. No dia 21 de setembro ele foi procurado pela assessoria do governador Tarcísio Maia, solicitado a fornecer informações e localizar documentos do ano de 1931 que seriam apresentados no encontro com
o presidente.

No dia 25 de setembro Geisel desembarca no aeroporto Augusto Severo e nenhuma confirmação foi sinalizada para Sizenando que decidiu se deslocar até a Praça 7 de Setembro para assistir à parte pública do evento.

Sizenando já estava posicionado na Praça, quando chega o ajudante de ordens do governador juntamente com o “chofer” do Palácio
Raimundo Nonato Farias (seu Nenen), velho conhecido dele:
– Seu Sizenando, o presidente quer vê-lo agora!
– O que o homem quer comigo?! Não estou vestido adequadamente

Tentou escapar.

Rapidamente o levaram até o carro oficial do governador que saiu em disparada para a sua residência, no Bairro de Petrópolis. Daí ele
vestiu um paletó e foi conduzido até o Palácio Potengi.

O Presidente pediu para ficar a sós com Sizenando e a conversa de velhos amigos se estendeu por cerca de dez minutos. Na saída, após as despedidas, Geisel pergunta: “como está a Praia do Meio?”

Na madrugada do dia seguinte, Geisel que havia se hospedado no Hotel dos Reis Magos, foi fotografado caminhando de calção acompanhado por dois seguranças e tomando banho na Praia do Meio.

O jornalista Ricardo Rosado de Holanda, na época correspondente de um jornal carioca (O Globo), entrevistou Sizenando que também foi notícia nos jornais locais e na Voz do Brasil. A fama em um dia.

A partir daí, Sr. Sizenando ficou conhecido como “o homem que fez o Presidente esperar”.

Fonte: Dos Bondes ao Hippie Drive-in

O autor da famosa foto, Orlando Brito, conta a história dela:

A história dessa foto – Trabalhando no jornal O Globo, eu era o fotógrafo designado para a cobertura da Presidência da República. Da mesma forma que os colegas de outros jornais, viajávamos a qualquer hora para todos os lugares. Essa visita de Geisel ao Rio Grande do Norte foi inesperada, e não tivemos tempo de providenciar reservas de hotel. Por isto, tive que pegar “carona” no quarto de colegas de outros jornais, os concorrentes, mas não inimigos. O quarto era pequeno e só me coube dormir num cantinho junto à janela, que dava frente para a praia.

Orlando Brito

Ricardo Rosado de Holanda


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