Comércio 18/05/2020 11:02

Com cautelas, comércio de Brasília volta a abrir

Há quase dois meses de portas fechadas, o comércio do Distrito Federal começa, nesta segunda-feira, mais uma etapa da retomada de atividades.

 

Há quase dois meses de portas fechadas, o comércio do Distrito Federal começa, nesta segunda-feira, mais uma etapa da retomada de atividades.
Após a Justiça autorizar a reabertura dos estabelecimentos de forma escalonada — por segmento e a cada 15 dias —, o Executivo local publicou decreto que prevê a abertura de algumas lojas de rua de roupas, calçados, corte e costura e de extintores de incêndio. Mesmo assim, entidades do ramo acreditam que o aquecimento das vendas será lento.

Além disso, a partir de hoje, os brasilienses que circularem sem máscara de proteção facial serão multados.Segundo o presidente da Federação do Comércio, Bens e Serviços (Fecomércio-DF), Francisco Maia, a entidade busca negociação com o governo para a reabertura de mais setores nesta semana. Até sexta-feira, Maia espera que os shoppings voltem a funcionar.

“Os lojistas (dos shoppings) estão reclamando muito por causa da liberação de alguns setores. Vamos forçar o governador”, disse.

O presidente da Fecomércio se reunirá com Ibaneis Rocha hoje, mas ainda não há data e local definidos. No entanto, ele reforça que a retomada das atividades dependerá de alguns critérios, que não provoquem problemas sanitários, o que pode ocasionar um retrocesso da contenção do coronavírus.

A juíza Kátia Balbino de Carvalho, da 3ª Vara Cível do Distrito Federal, ainda não respondeu ao recurso apresentado pelo GDF com o argumento de “cabe ao Executivo local e não ao Judiciário tomar decisões sobre as datas e condições de abertura das atividades comerciais”.

Lucimeire Arruda, 53 anos, gerencia uma loja de calçados no Guará 1. Para ela, o cenário é de cautela. “Suspendemos os contratos dos funcionários. Vamos aguardar a movimentação de clientes nos próximos dias para saber se podemos chamar alguns de volta”, disse. Ontem, ela preparava o estabelecimento para reabrir hoje. “Vamos deixar bastante álcool em gel, fazer aquisição de máscaras e controlar a entrada de pessoas.”

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), Edson de Castro, ressaltou que os empreendedores precisam ter atenção e evitar lotação nos estabelecimentos, para que não haja maior disseminação do vírus. “Caso isso ocorra, tudo será fechado novamente”, alertou.

Ele afirmou, ainda, que a expectativa do sindicato era de que toda atividade comercial da capital fosse retomada nesse primeiro momento, principalmente os shoppings.

“Por outro lado, a gente observa que no DF está baixa a taxa de mortalidade, justamente devido aos cuidados que o governador tomou. Se a gente abrir tudo de uma vez, corremos o risco de fechar em uma semana”, ponderou.

“Perdemos a noção de quantas pessoas foram demitidas, porque esse processo passou a ser feito direto nos estabelecimentos, sem passar pelo sindicato. No nosso último levantamento, eram 1,7 mil desempregados”, lamentou o presidente da entidade. Além disso, Edson comentou que muitas lojas estão sem estoque e terão dificuldades para reabrir. “O pior de tudo é que não estão havendo contratações.”

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL-DF), José Carlos Magalhães, defende a reabertura gradual dos comércios, mas alega que o retorno para os outros segmentos não deve demorar muito.

“Caso retarde muito a volta, haverá uma desobediência, porque todos estão com dívidas. Contudo, é preciso cuidado para não corrermos o risco de voltar a fechar. Então, será preciso seguir à risca as diretrizes estabelecidas pelo governo”, argumentou.

De acordo com ele, o número de lojistas que voltarão a trabalhar nos quatro segmentos liberados no sábado não é tão alto.

“Antes da pandemia, tínhamos cerca de 320 mil pessoas desempregadas apenas no setor varejista e esse quantitativo pode haver mais 140 mil”, disse.

Deu no Correio Braziliense

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista