19/03/2019 11:11

Já passou dos 50 anos? Assistir TV em excesso afeta sua memória, diz estudo

Os prejuízos à cognição causados pelo excesso de horas em frente a televisão já é conhecido por afetar as crianças. Agora, cientistas descobriram que esse hábito também pode atrapalhar a função cognitiva de indivíduos mais velhos.

Os prejuízos à cognição causados pelo excesso de horas em frente a televisão já é conhecido por afetar as crianças.

Agora, cientistas descobriram que esse hábito também pode atrapalhar a função cognitiva de indivíduos mais velhos.

estudo, publicado no periódico Scientific Reports, indicou que assistir TV por mais de três horas e meia por dia pode diminuir a capacidade de memória em até 10% em adultos acima dos 50 anos.

“Isso não é algo para se preocupar. Mas se você estiver assistindo mais do que isso, vale a pena tentar se engajar em atividades físicas e sociais e coisas que são mentalmente desafiadoras, como palavras cruzadas ou atividades artísticas”, comentou Daisy Fancourt, da University College London, no Reino Unido, ao The New York Times.

Além disso, os pesquisadores ainda salientaram que o declínio cognitivo encontrado no estudo não está automaticamente relacionado ao surgimento de demência, portanto, não há motivos para alarme.

O estudo

A equipe da University College London recrutou 3.590 pessoas, com idade média de 67 anos, entre 2008 e 2009, verificando o tempo médio que elas passavam assistindo TV, além de aplicar um teste de memória verbal – que usamos ao ouvir, falar e escrever – e um teste de fluência semântica – ligado a compreensão verbal e vocabulário.

Nesses testes, utilizados para determinar a capacidade de memória dos indivíduos, os participantes precisaram listar o nome de todos os animais que conseguissem lembrar, assim como lembrar de uma lista de palavras que havia sido dita previamente. Depois de seis anos (2014 e 2015), os indivíduos passaram pelo mesmo processo.

A análise de ambos os resultados mostrou que aqueles que relataram passar mais de três horas e meia por dia em frente à TV tiveram um diminuição média de 8% a 10% na pontuação de memória verbal; já aqueles que assistiram por menos tempo apresentaram um declínio cognitivo menor: de 4% a 5%.

“Assistir televisão também pode ter benefícios educacionais, como assistir documentários, assim como benefícios de relaxamento para reduzir o stress. No geral, o que o estudo sugere é que adultos com mais de 50 anos devem equilibrar o hábito da TV com outras atividades”, disse Daisy Fancourt, da University College London, ao The Irish Times.

Os cientistas ainda disseram que essas descobertas levantaram muito mais questões do que responderam, portanto, serão necessárias mais pesquisas para determinar se o tipo de conteúdo televisivo traz efeitos diferentes para o declínio cognitivo ou se essa perda é um fator de risco para o desenvolvimento de demência.

Memória

Para evitar o declínio cognitivo é preciso diminuir o tempo de televisão e aproveitar outras atividades edificantes. Aliás, um estudo do ano passado publicado no British Journal of Psychology descobriu que manter o corpo em atividade pode trazer importantes benefícios para a memória, incluindo a memória de trabalho.

De acordo com os pesquisadores, essa memória funciona melhor enquanto as pessoas estão em movimento, seja caminhando ou praticando esportes.

A pesquisa ainda revelou que tanto a atividade física moderada, como caminhada, quanto as mais intensas, como correr ou andar de bicicleta, trazem benefícios para a memória durante e após o exercício.

Vale lembrar que a memória de trabalho, também conhecida como memória operacional, está relacionada à capacidade do cérebro de armazenar e organizar informações à medida em que realizamos determinadas tarefas, ou seja, ela é responsável por operações como lembrar o nome de alguém ao encontrá-lo na rua ou discar um número de telefone.

Outro estudo de 2018, publicado na revista Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS), revelou que atividades como caminhada, ioga ou tai chi estimulam a conectividade cerebral e impulsionam partes do cérebro responsáveis pela formação e armazenamento de lembranças.

A boa notícia é que esses benefícios podem ser adquiridos com apenas 10 minutos de exercício leve por dia. Segundo os cientistas, essa descoberta oferece alternativa simples e eficaz de retardar — ou mesmo impedir — o declínio cognitivo.

Deu em Veja

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista