De acordo com analistas, o que mais há nas propostas dos candidatos são contas que não fecham. Além disso, o quadro é tão ruim que será impossível zerar o deficit primário da União em um ou dois anos, como alguns deles prometem — mesmo com aumento de tributos.
“Não tem aumento de imposto que dê conta do ajuste fiscal necessário para equilibrar as contas públicas”, afirmou Marcos Lisboa, presidente do Insper, que classifica os programas econômicos dos postulantes ao Planalto de “inconsistentes e contraditórios”.
“A maioria não toca, de fato, no problema fiscal. Os candidatos jogam para a plateia, apresentando medidas de pequeno impacto, como o imposto sobre grandes fortunas, e ignoram o tamanho do problema. Ele é grave e, se não for enfrentado, a crise vai voltar”, disse Lisboa. Para o economista, serão necessários amplos cortes de gastos e reformas, como a da Previdência, para que a economia recupere a capacidade de crescer.
Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, também acredita que o próximo governo terá dificuldades para zerar o deficit primário em até dois anos, ainda que a carga tributária seja elevada. “A maioria dos programas está muito enxuta, apenas com diretrizes gerais.
Os candidatos não detalham como pretendem fazer o ajuste fiscal para não virarem vitrine antes do primeiro turno. Não mostram que vão aumentar impostos, mas isso será inevitável”, frisou.