Sem categoria 09/06/2014 04:14

Câmara ameaça derrubar a farsa dos "Conselhos Populares"

Por fatorrrh_6w8z3t

Em conversa com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, sugeriu que o governo converta em projeto de lei o decreto que obriga todos os órgãos federais a submeterem decisões a conselhos com representantes da “sociedade civil”.
Do contrário, alertou o deputado, Dilma Rousseff se arrisca a ver o seu decreto derrubado no plenário da Câmara.
Sob o número 8.243, o decreto foi assinado pela presidente há duas semanas, em 23 de maio. Provocou reações instantâneas no Congresso, a instância que, numa democracia representativa como a brasileira, deveria representar a sociedade.
Líder do DEM, o deputado pernambucano Mendonça Filho apresentou um projeto de decreto legislativo que, se aprovado, revoga o decreto de Dilma.
No contato com Mercadante, Henrique Alves informou que, na falta de um entendimento, levará a proposta do DEM à pauta de votações.
Disse que não são negligenciáveis as chances de a peça ser aprovada. “Hoje, a resistência ao decreto não se limita aos partidos de oposição”, afirmou Henrique ao blog.
Mendonça Filho recolheu assinaturas de líderes partidários num ‘requerimento de urgência’.
Em poucos dias, rubricaram a peça representantes de dez partidos: DEM, PSDB, PPS, SDD, PV, PSD, PSB, Pros, PR e PRB. Na semana passada, também o PTB aderiu ao pedido de urgência.
Por sugestão do deputado paranaense Rubens Bueno, líder do PPS, as legendas oposicionistas planejam obstruir as votações na Câmara enquanto a proposta que revoga o decreto de Dilma não for levada ao plenário.
Equipam-se para iniciar o bloqueio na terça-feira (10).
O que mais incomodou no decreto de Dilma foi a amplitude. Criou-se uma “Política Nacional de Participação Social”.
Prevê que todos os órgãos da administração direta ou indireta terão de pendurar nos seus organogramas uma nova instância decisória: os conselhos de políticas públicas, formados por representantes da sociedade civil.
Ao definir o conceito de sociedade civil, o decreto anotou: “o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.
E quanto à definição de conselho de política pública? Diz o decreto de Dilma: é uma “instância colegiada temática permanente, instituída por ato normativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisório e na gestão de políticas públicas.”
Na prática, diz Mendonça Filho, serão nomeados para os tais conselhos os cupinchas do PT nos movimentos sociais e nos sindicatos.
Além de atropelar o Congresso, prossegue o líder do DEM, o decreto de Dilma transpõe para a administração pública um vício do petismo: o assembleísmo. “Isso vai amarrar os órgãos públicos”, diz o deputado.
Numa referência ao regime inaugurado por Hugo Chávez na Venezuela, a oposição tacha o decreto de Dilma de “bolivariano”.
Henrique Alves não endossa esse pedaço da crítica. Mas faz duas restrições ao decreto presidencial.
Acha que o governo falhou na forma e no senso de oportunidade.
Para corrigir o primeiro defeito, Henrique sugere que o decreto vire um projeto de lei, que seria amplamente debatido antes de ser votado por deputados e senadores.
Com isso, seria sanado também o segundo pecado, que é a pressa injustificada.
Henrique Alves diz não ver sentido na supressão do debate legislativo. Por uma razão singela: a quatro meses da eleição presidencial, que decisões ou programas o governo pretenderia submeter à análise dos conselhos de políticas públicas?
Na última quinta-feira (5), discursando para ministros e empresários no Planalto, Dilma defendeu o seu decreto. Afirmou que é “a favor da consulta, a favor da participação”, a favor de ouvir “todos os segmentos”, porque “muitas cabeças pensam mais do que a cabeça do Executivo.”
Segundo Dilma, os conselhos populares não invadem atribuições do Congresso.
“São papéis diferentes. O Legislativo apoia, aprova o corpo [das políticas públicas]. E de onde a gente tira todas as características do corpo? A gente tira de uma consulta à sociedade.” Hummmm!
Num instante em que os índices de Dilma nas pesquisas eleitorais sofrem uma erosão, o lero-lero dos conselhos tem cheiro de resposta atrasada às ruas de junho de 2013. Parece mais politicagem do que política pública.
Deu no blog do Josias

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista