Sem categoria 08/06/2014 09:30
Morre o visionário da pavimentação
Por fatorrrh_6w8z3t
Deu no Novo Jornal
O engenheiro civil Milson Dantas, conhecido internacionalmente pelo método Bripar (brita e paralelepípedo) de pavimentação, morreu na madrugada de ontem, aos 92 anos, não resistindo aos danos causados por um acidente de carro, na avenida Salgado Filho.
Dantas passou por cirurgias e morreu após sofrer paradas cardíacas. Ele deixou uma esposa, dois filhos e uma neta. Seu corpo foi velado e sepultado no Cemitério Morada da Paz, em Emaús.
Ao criar um método de pavimentação que deu mais consistência às ruas feitas com paralelepípedos, o engenheiro inovou e sua criação passou a ser utilizada em todo o Brasil e boa parte do mundo.
O Bripar utilizava brita, asfalto e areia entre os rejuntes dos paralelepípedos, deixado-os ligados por mais tempo do que quando eram separados apenas por cimento.
“Como o cimento endurecia, era muito comum ele quebrar entre o asfalto, que por sua vez tem a tendência de amolecer. A criação de Dantas solucionou o problema e as pavimentações deram um salto de qualidade”, comentou o ex-senador e sócio da construtora Ecocil, Fernando Bezerra, que também foi diretor do Departamento de Estradas e Rodagens (DER) no governo do Monsenhor Walfredo Gurgel.
“Lidei muito com Dantas nessa época, foi uma contribuição enorme para a construção de estradas, além de ser uma figura humana muito agradável”, completou Bezerra.
O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RN) emitiu uma nota de pesar, expressando que Dantas era conhecido pelo “profissionalismo e simpatia” e o método Bripar foi “um dos inventos mais antigos do Rio Grande do Norte, além de ser o segundo mais lucrativo de todo o país”.
O CREA também citou a importância da chegada do novo método criado por Dantas, que era um ex-combatente da Segunda Guerra (1939-1945):
“Antes do Bripar, só existiam dois tipos de pavimentação: com concreto de asfalto e de cimento. Mesmo seguindo todas as normas e especificações técnicas, o engenheiro Milson Dantas percebeu que o pavimento não suportava mais a carga dos veículos que passaram a trafegar pela cidade”, expressou a nota.
De viagem, o presidente do CREA, Modesto Santos, disse por telefone que Milson Dantas foi um visionário e participava muito da rotina do conselho. “Mesmo recentemente, ele sempre nos visitava e contribuía com a entidade. Vai deixar uma lacuna no conhecimento da engenharia do RN”, disse Santos.
A secretária estadual de infraestrutura, Kátia Pinto, disse que Dantas foi um profissional criativo e deixou uma marca muito forte na engenharia, além de ter sido uma figura alegre.
“Era uma pessoa super agradável, uma inteligência além da média. Contribuiu para a elevação do método construtivo com um sistema simples, prático e durável”, falou Kátia Pinto. De acordo com ela, até hoje os engenheiros pagam royalties pelo método Bripar.
O método
Percebendo que, do modo como era feito antigamente, a pavimentação não estava suportando o peso dos carros, Dantas teve a ideia de compactar as pedras para suportarem um peso de até 10 toneladas. A ideia surgiu quando ele estava concretando a placa do Aeroporto Augusto Severo e usando brita.
Ao gostar do resultado, replicou a técnica para os rejuntamentos (intervalos) entre os paralelepípedos.
Ele costumava dizer que lutava para preservar os direitos autorais do Bripar e se ressentia de não ter o reconhecimento, em Natal, à altura da importância de sua técnica.
De acordo com engenheiros, embora a brita e o paralelepípedo fossem materiais comuns, eles nunca tinham sido associados para servirem de catalisador, ou seja, integrando o pavimento, aglutinando e impermeabilizando.
O invento dava mais estabilidade à base.
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