Sem categoria 25/02/2014 06:30

Mercadante diz a deputados irritados que Dilma já ganhou

Por fatorrrh_6w8z3t

Sob a coordenação do vice-presidente Michel Temer, os deputados que lideram os partidos governistas na Câmara reuniram-se por quase três horas com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvati (Relações Institucionais).
Diante de interlocutores irritados com o tratamento que recebem do governo, Mercadante esboçou um cenário róseo para 2014. Para ele, a reeleição de Dilma Rousseff está pavimentada. A tal ponto que lhe sobram apoiadores nos Estados.
São tantos que já não há espaço para todos na Esplanada dos Ministérios.
Ocorrido nesta segunda-feira (24), o encontro comandado por Temer foi uma mistura de lavagem de roupa suja com jogo de pôquer. A lavanderia foi acionada pelos parlamentares. Mercadante cuidou de embaralhar as cartas.
Conforme já noticiado aqui, a reunião foi convocada pelo Planalto na semana passada, para tentar sufocar uma insurreição que empurra cerca de 250 votos pró-governo para um bloco partidário que se autoproclama “independente” na Câmara.
No início da reunião, Temer deu voz aos descontentes.
Com franqueza incomum, os líderes partidários jogaram sobre a mesa tudo o que traziam enroscado na garganta. Ficou entendido que, na opinião da grossa maioria, nunca um governo tratou seus apoiadores tão mal tão bem. Seguiu-se a intervenção de Mercadante. Na descrição de um dos presentes, o ministro “adotou um comportamento de jogador de pôquer”.
Como assim? “Numa mesa de pôquer, o jogador faz cara de paisagem —‘poker face’, segundo os americanos— e aposta tendo na mão uma sequência imbatível de cartas ou nada. Sempre com a mesma impassividade.” De acordo com esse relato, Mercadante puxou suas fichas sob o escrutínio hostil da mesa. Sem tremer os fios do bigode ou as pálpebras, deu a entender que o governo dispõe de um Royal Straight Flush. Parte dos jogadores enxergou um quê de blefe no lance.
Para Mercadante, as últimas pesquisas demonstraram que Dilma-2014 está mais bem posta do que Lula e FHC nos anos em que renovaram os seus respectivos mandatos. Evocando dados do último Datafolha, divulgados no final de semana, o ministro realçou que Dilma entra no ano da reeleição com 47% das intenções de voto. Em março de 1998, FHC tinha 41%. E prevaleceu nas urnas com 43%. Na mesma época de 2006, Lula somava 45%. E foi reeleito com 44,5% dos votos válidos.
Na maioria dos Estados, sustentou Mercadante, Dilma dispõe de múltiplos palanques, enquanto seus antagonistas penam para montar um. A base de apoio à presidente tornou-se tão numerosa que já não cabe na mega-Esplanada de 39 pastas. Temos um problema, disse o chefe da Casa Civil aos seus interlocutores. Há dois ministérios vagos e três partidos querendo entrar, não dá para atender todo mundo.
Foi como se Mercadante, supondo estar rodeado de rebeldes fingidos, quisesse distinguir quem tem jogo de quem não tem. Ao apostar na reeleição, o ministro insinuou que o governo tem nas mãos o futuro. Algo que não pode ser apalpado ou conferido senão no final do jogo. Quem se anima a pagar pra ver?, eis a pergunta que alguns líderes enxergaram por trás da ‘poker face’ de Mercadante.
O ministro logo perceberia que o jogo dos líderes é outro.
Estão mais interessados no próprio futuro, não no de Dilma. Para assegurar suas reeleições, desejam desobstruir a pauta de votações da Câmara, votando projetos que repercutam bem junto aos eleitores: a regulamentação dos direitos das empregadas, a conversão da corrupção em crime hediondo, a regulamentação do funcionamento de casas de espetáculo como a boate que pegou fogo em Santa Maria (RS)…
Do governo, os deputados não querem o futuro. Preferem um presente coisas concretas. Por exemplo: a vida plena de emendas orçamentárias que lhes fora prometida no ano passado.
O deputado alagoano Givaldo Carimbão (que nome!), líder do recém-nascido Pros, legenda que ambiciona a cobiçada pasta da Integração Nacional, estranhou quando Mercadante declarou que não dá para atender todo mundo na reforma ministerial. Se é assim, alguém vai ter que sair, pespegou Carimbão, voltando-se para o colega baiano Félix Mendonça, do PDT.
Que estranhou: Está olhando pra mim por quê?
O carioca Eduardo Cunha, líder do PMDB, entrou no jogo de Mercadante.
Aceitando a tese de que as pesquisas sorriem para Dilma, ele dobrou, por assim dizer, a aposta do ministro. Insinuou que uma eventual debandada na Câmara poderia conspurcar os índices. Lembrou que, em junho do ano passado, quando as ruas roncaram, a popularidade de Dilma despencou.
Estivemos do lado da presidente nos piores momentos, disse Cunha. Votamos tudo o que o governo quis. Com o nosso apoio, ela recuperou parte do prestígio, prosseguiu o líder do PMDB, arrematando: fomos solidários. Agora, a gente quer a mesma solidariedade, para que nossos deputados sejam reeleitos.
Deu no blog do Josias

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista