Sem categoria 10/12/2013 10:16

O dia em que o karatê interferiu na democracia

Por fatorrrh_6w8z3t

karate1Em 1986 a disputa eleitoral foi entre João Faustino e Geraldo Melo.
Juntamente com Joacy Medeiros, da Dumbo, fui a São Paulo para a conversa final com a produtora de vídeo contratada para a campanha.
Foi a produtora de Guga Oliveira, irmão do famoso Boni, da Globo.
Tudo acertado, o time de São Paulo veio pra Natal.
Escolheu um teatro para instalar o estúdio de gravação para as campanhas majoritária e proporcional.
Foi alugado o então Teatro Jesiel Figueredo, antigo cinema São Luiz, no Alecrim.
Tudo instalado, inclusive uma grande luminária em neon, com o coração, símbolo da campanha de João Faustino.
Quando foram iniciar as gravações, durante o dia, perceberam que a acústica do teatro não suportaria o barulho provocado pelos ônibus que subiam pela rua da frente e desciam pela rua que fica atrás do prédio.
Era impossível se gravar de dia, tão grande era o barulho.
E não havia microfone direcional especial que pudesse reduzir os ruídos.
Embora tenham vindo os primeiros microfones de lapela, minúsculos.
Que provocaram cenas inusitadas. Depois eu conto.
A produtora paulista decidiu fazer as gravações de noite, mesmo sob protesto dos candidatos.
A noite era dos comícios, carreatas, passeatas e visitas aos eleitores nos municípios.
Mas era o jeito.
No primeiro dia de gravação de noite, um novo problema.
O piso do andar superior do velho prédio era de assoalho, de madeira.
O que ninguém sabia era que lá em cima funcionava uma academia de karatê.
Os atletas gritavam a noite toda, na coreografia sonora natural da luta marcial.
Os profissionais da produtora, um olhando por outro, pra saber quem ia lá em cima peitar os atletas e pedir que parassem de gritar.
Já pensaram: “ei, cambada, para de gritar aí que estamos gravando a fala dos políticos”.
Por sábia decisão, antes da campanha começar a produtora mudou de lugar.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista