Deu no Portalnoar
Por Virginia França
As obras de mobilidade da Copa do Mundo, realizadas pela Prefeitura de Natal, estão causando prejuízo, e não é em dinheiro. Por causa da drenagem, está gerando desperdício de um recurso natural, a água.
A equipe de reportagem do portalnoar.com foi até um dos pontos de obra, na Avenida Miguel Castro, no bairro Nossa Senhora de Nazaré, zona Oeste e constatou o desperdício de água. O buraco, para o túnel de drenagem, já está com 35 metros de profundidade.
Segundo funcionário que não quis se identificar, a etapa já chegou ao lençol freático e duas bombas fazem o trabalho de subir a água que é jogada na rua.
Ronaldo Jorge, comerciante, alega que a situação acontece desde julho, durante todo dia e se revolta com o desperdício.
“É um desperdício grande, não para de subir água, é 24 horas por dia. E tem muita gente, muita cidade passando necessidade de água, a gente vai nas praças, nos canteiros, as plantas todas secas e morrendo”, dispara Ronaldo, que questiona, “porque não tem um carro pipa para pegar essa água”.
O titular da Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), Tomaz Neto garante que a água que está sendo jorrada na rua é de aluvião, “parecida com água de chuva”, que fica presa nas camadas da terra.
“Essa água não pode ser aproveitada para consumo. Ela é parecida com a água da chuva, que vai para lagoa de captação. Essa água está indo naturalmente para lá, pelas galerias e depois vai realimentar o lençol freático”, explica.
Perguntado se a água não podia ser aproveitada, por exemplo, para aguar os canteiros, o secretário dispara, “não tenho como armazenar essa água. Vou colocar o carro pipa no meio da rua”, encerra.
Foto: Wellington Rocha
Observação do Fator RRH:
Há no caso pelo menos dois crimes de lesa inteligência.
O desperdício puro e simples da água, quando a poucos quilômetros daqui a população sofre com sede, em razão dos dois anos de seca.
É a violência praticada, na luz do dia, por um ente público.
E outro nas declarações do titular da Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), Tomaz Neto, ao reconhecer a própria incompetência.
Foi possível colocar canos e tubulações para jogar a água na rua. Mas não é possível levar esta água para um carro pipa.
Deve ser uma engenharia muito complexa estacionar um carro pipa nas ruas de Natal.
Passei na região e ouvi a indignação dos moradores e de empresas que atuam no bairro.
Não há explicação técnica, política, econômica e social que justifique as besteiras ditas pelo funcionário da Prefeitura.
“Vou colocar o carro pipa na rua?, indaga o comissionado incompetente.
Ora, a Prefeitura coloca e permite que tanto trambolho fique nas ruas.
Um carro pipa para recolher água desperdiçada não seria nada estranho.
As próprias estruturas para as obras, todas necessárias, já atrapalham as ruas.
Não acredito que o Prefeito Carlos Eduardo tenha conhecimento e se concorda com essa agressão.
A primeira providência é mandar demitir o seu assessor.