Sem categoria 04/11/2013 06:15

Os trovões e o "cientista"

Por fatorrrh_6w8z3t

Lá pelos anos 70/80 surgiu aqui em Natal um rapaz que se dizia “cientista”.
E ficou famoso assim.
Caiu nas graças da imprensa, que com bom humor, passou a promover e a entrevistar o cientista.
Sucesso no rádio, nos jornais e até na TV.
Ofícios formais eram enviados a autoridades locais – lembro que o Reitor da UFRN na época recebeu um – apresentando o rapaz.
E ele, puro como todos os loucos, acreditava na sinceridade da imprensa e das autoridaes em ouvi-lo.
A especialidade dele era fazer chover.
Mas tinha autoridade para criar relâmpago, trovão, chuvisco e neblina.
Por alguns trocados o freguês escolhia e sua necessidade era atendida.
O mais caro na tabela do cientista era dilúvio.
Aí a gorjeta era pra arrombar.
A madrugada em Natal trouxe muitos trovões. Não deve ter sido obra do cientista.
Certamente, se estivesse em suas pesquisas, diria que os aviões que cruzaram Natal no sábado podem ter desarranjado as nuvens.
E ele, somente ele, poderá resolver a questão atmosférica.
Há uns 15 dias, de dentro do carro, avistei o cientista atravessando a rua.
Mesmas roupas simples, uma bolsa, cabelos brancos, bigode branco. Olhar de sempre.
Aquela coisa perdida no espaço.
Lembrei do cientista porque Natal recebeu uma esquadrilha da fumaça, as nuvens se agitaram e os trovões apareceram.
Ingredientes inevitáveis para a previsões do gênio climático.
Mas, as previsões e as demonstrações práticas dos estudos dele ficavam mais visíveis quando o pesquisador, salvação do Nordeste, acendia um cigarro ecológico.
O mundo ficava uma beleza.
O que fará hoje o “cientista”? Terá mudado de profissão? Vive nas nuvens? É fiscal da natureza? Onde mora?

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista