Sem categoria 04/08/2013 06:42

Deputado quer que trabalhador tenha tempo para um banho de sol

Por fatorrrh_6w8z3t

O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), 59, quer mandar todo mundo tomar banho. De sol.
Pelos corredores de Brasília, virou o “cara da vitamina D”. Médico que atua como clínico, Feldman distribui livros sobre o tema para colegas do Congresso. Torce para que eles deem cobertura quando chegar o “Dia D”: aprovar uma lei que torna obrigatória a exposição à luz solar.
Explica-se: o sol estimula a produção pelo corpo desse nutriente –que ajuda na prevenção de doenças (autoimunes, ossos fracos etc.).
Da esquerda para direita: Vitali Arditti, José Carlos Lodovici, Ruy Roberto David, Mauro Noronha e Ítalo Battiato (à frente)
Feldman apresentou em abril, na Câmara, projeto de lei que adiciona o seguinte direito à legislação trabalhista: ao menos três vezes por semana, todo funcionário de ambientes fechados (como indústria e escritório) ganha 15 minutos da jornada para usufruir da iluminação natural.
Ele diz que se expor ao raio infravermelho é muito adequado das 10h às 14h –com pico ao meio-dia.
Feldman chega a distinguir sua proposta do “banho de sol” nas prisões –quando a meta é dar uma certa liberdade ao detento, e não assegurar a produção da vitamina.
Ainda não há previsão para o texto ser votado. Atualmente, deputados o analisam na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
VILÃO
O problema é que, de uns tempos para cá, o sol passou a ser visto como vilão –leia-se “câncer de pele”.
“Como a maioria das pessoas tem medo dos riscos para a pele, que envelhece e cria rugas, usa-se muito protetor solar e não se expõe nem o mínimo necessário”, diz o reumatologista Ari Halpern, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Há ainda a forte migração do campo para as cidades. Diferente de “quando vivíamos na roça e andávamos a pé, ao ao livre”, diz a endocrinologista Marise Castro, da Unifesp.
A saída proposta pelo deputado, contudo, é um pouco radical, dizem os médicos. “Seria muito mais útil se fizéssemos um esforço para que o SUS fornecesse a vitamina como suplemento”, defende Marise. Para Ari, o foco acaba desviado: lutar contra o “uso excessivo do protetor”.
A Feldman resta torcer para que, no futuro, todos tenham direito a 15 minutos de sol.

Deu na Folha de São Paulo
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista