2 sinais de que você é uma pessoa convencionalmente “legal” - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Comportamento 19/07/2025 16:20

2 sinais de que você é uma pessoa convencionalmente “legal”

2 sinais de que você é uma pessoa convencionalmente “legal”

“Sou descolado?” é uma pergunta que provavelmente todos nós já nos fizemos em algum momento. Ou talvez tenhamos nos perguntado: “Eles gostam de mim?” ou “Será que eu me encaixo?”

Mas sabemos o que realmente significa ser descolado? Significa ser simpático e socialmente aceito? Esse significado é o mesmo em todas as culturas?

Um grupo de pesquisadores se propôs a responder essas perguntas em um novo estudo em larga escala, publicado no Journal of Experimental Psychology: General. Eles realizaram experimentos com mais de 5.900 participantes ao redor do mundo. Os participantes foram convidados a pensar em alguém que considerassem descolado, não descolado, bom ou não bom, e depois avaliaram a personalidade e os valores dessas pessoas.

Os resultados foram marcantes: embora haja alguma variação cultural, as características centrais das pessoas “descoladas” são surpreendentemente consistentes entre as sociedades. Importante destacar que são traços percebidos, ou seja, não necessariamente o que a pessoa é de fato, mas como ela é vista.

Os pesquisadores também quiseram investigar se ser descolado seria apenas outra forma de dizer que se gosta de alguém ou que essa pessoa é “boa”. Os achados revelaram que, embora exista alguma sobreposição, as percepções de “descolado” e “bom” são distintas.

Com base nos resultados da pesquisa, aqui estão os principais traços que definem uma pessoa “descolada” em comparação a uma “boa”:

1. Você Questiona Convenções e Busca Mudança

Se você é alguém que assume riscos com base no que acredita ser certo, então pode estar no caminho da “descoladeza”. Os pesquisadores descobriram que qualidades como extroversão, poder, mente aberta e independência estão entre os principais traços associados a pessoas descoladas.

Pessoas descoladas tendem a desafiar o status quo e abraçar novas ideias. Por isso, os pesquisadores argumentam que a descoladeza prospera em sociedades de informação, porque essas sociedades tendem a valorizar ideias, cultura e inovação social.

“Nossos dados revelam que pessoas descoladas são autônomas, aventureiras, abertas e hedonistas, todas características que as tornam mais propensas a buscar novas e diferentes experiências. A pesquisa também sugere uma relação entre ser descolado e ser influente”, observaram os pesquisadores.

Essa ligação entre descoladeza e influência ajuda a explicar por que certas figuras públicas parecem ousadas e inspiradoras. Pegue, por exemplo, executivos de grandes empresas. Quando pensamos em um CEO, a imagem comum é alguém sério, de terno, talvez até rígido, como Bart Bass, o bilionário fictício da série Gossip Girl. Ele pode ser bem-sucedido, mas está longe de ser descolado ou bom, devido à sua frieza e individualismo.

Por outro lado, um CEO da vida real como Richard Branson pode ser visto como descolado por ter ido ao espaço. Isso o faz parecer aventureiro, empolgante e ousado. Ele ultrapassou os limites do que era considerado possível para cidadãos comuns, desafiando a ideia de que o espaço é apenas para astronautas ou agências governamentais.

Ainda assim, a percepção de descoladeza pode variar conforme a faixa etária. Por exemplo, o CEO da Tesla, Elon Musk, ter fumado maconha em um podcast com Joe Rogan pode não ter agradado a investidores — e a queda das ações da Tesla no dia seguinte refletiu esse desconforto. No entanto, o mesmo ato pode ter sido visto como rebelde ou descolado por públicos mais jovens, especialmente universitários que admiram figuras que desafiam normas.

Também depende de quanto esforço a pessoa parece estar fazendo. Por exemplo, as postagens constantes de Musk no X (ex-Twitter) podem parecer forçadas para alguns, enquanto outros consomem avidamente esse conteúdo.

2. Você É Acolhedor, Confiável e Consciente

Embora uma pessoa descolada possa ser amigável, isso não significa necessariamente que ela seja ética. Pessoas boas demonstram qualidades como calma, consciência, universalismo, simpatia, acolhimento, segurança, tradição e conformidade.

Essas pessoas podem não ser influenciadoras ou lançadoras de tendência, mas são confiáveis e pró-sociais. O estudo revelou que 9 dos 15 traços e valores positivos avaliados estavam associados tanto a pessoas descoladas quanto a boas.

A descoladeza, em certos contextos, pode enfraquecer a bondade. Por exemplo, alguém aventureiro e em busca de adrenalina pode ser admirado, mas se essa mesma pessoa age de forma imprudente ou egoísta (como uso de drogas, traições, ou relacionamentos abusivos), pode perder sua credibilidade moral.

Além disso, em uma sociedade onde influência é uma forma de moeda, ser visto como descolado pode ser mais recompensado do que ser bom. Mas o custo muitas vezes é pago por aqueles que são excluídos ou explorados nessa busca por ganho pessoal. É aí que a descoladeza se torna mais performática do que autêntica.

Ainda assim, as pessoas continuam buscando popularidade porque os descolados tendem a receber mais atenção, admiração e influência. Mas esses mesmos traços, como hedonismo ou desejo de dominar, podem afastá-los de valores ligados à bondade, como humildade ou altruísmo.

Em um estudo sobre o consumo entre estudantes do ensino médio e a construção de identidade, os pesquisadores descobriram que o consumo era essencial para quem tentava se encaixar.

“O consumo está se tornando mais importante que qualquer coisa. Todo mundo quer Dolce & Gabbana, Calvin Klein, e ao mesmo tempo há gente que não consegue pagar uma refeição simples num vendedor de rua”, explicou um participante de 16 anos.

A pesquisa sugere que consumir, ou sonhar em consumir — cria a ilusão de pertencer a uma classe social diferente. As pessoas podem pensar que possuir marcas de luxo simboliza um status social mais alto. Ironia: a postura “descolada” muitas vezes critica justamente esse consumo.

Concluímos que:
Bondade e descoladeza podem coexistir. Se você quer ser uma boa pessoa, lembre-se de manter seus princípios, mesmo ao tentar transformar o mundo. E se você busca ser descolado, saiba que não precisa abrir mão da sua bondade interior.

No fim das contas, tudo que você precisa é confiança e coragem para tomar suas próprias decisões e ser você mesmo.

Isso, talvez, seja o mais descolado de tudo.

* Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.

Deu em Forbes

Ricardo Rosado de Holanda
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