Violência 01/08/2025 11:26

Amiga de mulher que foi agredida com mais de 60 socos diz como era namoro: ‘Um verdadeiro narcisista’

Danúbia Karla Oliveira, amiga da mulher que foi agredida com mais 60 socos pelo namorado, no Rio Grande do Norte, afirmou que Igor Cabral é um nascisista patológico e que percebia que ele era explosivo.

O crime aconteceu no último sábado, 26, e deixou a vítima, Juliana Garcia, com múltiplas fraturas no rosto e no maxilar.

Em entrevista ao Terra Agora desta quinta-feira, 31, a amiga relatou que o relacionamento dos dois era pautado na manipulação emocional por parte do agressor, que era ex-jogador de basquete.

“Ele sempre fazia com que ela se sentisse culpada pelas coisas que, às vezes, ele mesmo fazia. Fazia uma manipulação a qual ela me relatava muitas vezes, que não conseguia sair [do relacionamento]”, conta Danúbia.

“Os amigos sempre tentavam ficar próximos. Eu viajava em casal com eles, eu com meu namorado e eles dois. A gente fazia social, sempre chamava porque queríamos estar mais perto de alguma forma. Nós víamos que tinha uma dependência emocional muito grande ela. […] A gente achava ele explosivo, mas [pela] ingenuidade [não achávamos] que ele chegasse a fazer [o que fez], porque isso é inexplicável, isso é inesperado”, lamentou a amiga.

Oliveira diz ainda que já tinham chegado a questionar se Igor já havia sido violento com Juliana e a vítima descreveu um episódio o qual o agressor a deu um empurrão, mas nada além daquilo.

“A gente ficava dizendo: Ju, tem cuidado com isso, mas ela não conseguia se afastar dele. Ela não conseguia ficar longe”, relembra.

“Cheguei a discutir várias vezes com eles, conversava muito com ele, ele não escutava. A família dele também identificava alguns comportamentos patológicos nele. Tentou tratamento, tentou de todas as formas conseguir que ele tivesse uma avaliação profissional mais a fundo e que tivesse um laudo, alguma coisa que justificasse aqueles discursos”, detalhou Danúbia.

Além das manipulações, Igor também seria muito ciumento e constantemente acusava Juliana de trai-lo, mesmo sem ter provas. “Ele acreditava e ele tentava convencer as pessoas de que tudo era ela”, conta a amiga.

Momentos antes do crime

Danúbia conta que no dia do acidente, Juliana quis organizar um evento social com o namoro e os amigos dele. Igor estava tentando parar de beber, pois estava consumindo muita bebida alcoolica. Durante o encontro, ele bebeu e começou a questionar a vítima se ela estava traindo ele.

“Era um controle realmente doentio. […] Ele [perguntou]: ‘Você tá falando com quem? Aí la falou: ‘Eu tô falando com o fulano, o fulano falou que tava vindo pra cá, pro condomínio’. Ele tomou o telefone dela e começou: ‘Você tá dando moral pros meus amigos? Você tá dando em cima dele? Não tem necessidade de você falar com ele’”, diz a amiga.

Em seguida, ele jogou o celular da vítima na piscina. Alterado, ela tentou sair de perto dele. No elevador, Juliana lembrou que tinha uma câmera e falou para ele que estava com medo e se negou a sair do local. Neste momento, o crime aconteceu.

Danúbia conta que uma outra amiga das duas iria para esse evento, mas percebeu uma movimentação dos moradores assim que chegou no condomínio. “Ela me mandou mensagem com a localização e falou assim: ‘Gente, ela foi espancada’”, relembra.

“Até então a gente imagina que foi um empurrão, foi um tapa, sabe? Foi uma explosão e ele bateu nela, alguém apartou. Quando ela mandou a primeira foto do rosto da minha amiga, eu caí. Eu falei: ‘Cara, não tô acreditando que isso aconteceu’.

E quando cheguei no hospital, tive que parar para chorar por 10 minutos, pra enxugar as minhas lágrimas e ir lá onde a minha amiga tava pra dar força a ela”, diz, emocionada.

Juliana foi hospitalizada e está estável, segundo Danúbia. Foi feito um exame para saber se um dos olhos foi danificado e ela logo deve passar por uma cirurgia para reconstrução dos ossos da face.

“O problema maior ainda é o edema do rosto e as fraturas de todos os ossos que ele quebrou no rosto dela”, detalhou.

No momento, a família e amigos estão tentando acolhe-la emocionalmente. Foi aberto uma vaquinha online para arrecadar recursos para a recuperação de Juliana.

“Tudo foi no rosto dela. A Ju trabalhava como promotora, então, ela não tem como trabalhar tão cedo. É somente para que ela se reestruture, consiga se recuperar com dignidade. Uma boa estadia, com bons profissionais, uma alimentação adequada. Desde já, a gente agradece todo o acolhimento que o Brasil tem tido nesse caso”, disse.

Deu em Portal Terra

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista