Indústria 31/07/2025 16:06
Momento exige negociação e não retaliação, avalia CNI sobre decreto de tarifas de 50% dos EUA
Na tarde de ontem (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou uma ordem executiva que oficializa a tributação de 50% sobre bens exportados pelo Brasil.
Mas, ao contrário do que estava sendo esperado pelo mercado, diversos produtos ficaram isentos de tarifas.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), no entanto, aponta que setores importantes do agro — como proteína animal, café e etanol — e da indústria — como máquinas e equipamentos, certos manufaturados e “produtos com grande relevância para a pauta exportadora brasileira”, ficaram de foram.
“A confirmação da aplicação da sobretaxa sobre os produtos brasileiros, ainda que com exceções, penaliza de forma significativa a indústria nacional, com impactos diretos sobre a competitividade”, aponta o presidente da CNI, Ricardo Alban. “Não há justificativa técnica ou econômica para o aumento das tarifas, mas acreditamos que não é hora de retaliar. Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil”.
Segundo dados da CNI, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano em 2024 foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no BrasNesta quarta-feira (30), a entidade entregou uma nova lista de propostas ao governo federal para aliviar o impacto da tributação.
Linha de financiamento emergencial do BNDES: Juro entre 1% e 4% a.a. para capital de giro de empresas com exportações afetadas.
Ampliação do prazo para contratos de câmbio: Aumento de 750 para 1.500 dias para liquidação de contratos de câmbio de exportação (ACC e ACE).
Prorrogação de financiamentos do comércio exterior: Extensão do prazo e/ou carência para pagamento de financiamentos, como PROEX e BNDES-Exim.
Direito provisório de dumping: Implementação de medidas para resposta rápida a desvios de comércio, com reforço de recursos humanos e tecnológicos.
Adiamento de tributos federais: Postergar por 120 dias o pagamento de tributos, incluindo previdenciárias, e permitir parcelamento em seis vezes sem multas.
Pagamento de ressarcimento imediato: Agilizar a restituição de saldos credores de tributos federais (PIS/Cofins e IPI) homologados e garantir compensações rápidas.
Ampliação do Reintegra: Aumento da alíquota de ressarcimento de tributos residuais nas exportações para 3%.
Reativação do Programa Seguro-Emprego (PSE): Reativar o programa com melhorias e aperfeiçoamentos.
“Nossas propostas buscam mitigar os efeitos econômicos adversos aos setores afetados pelas barreiras, preservar a capacidade exportadora das empresas brasileiras e garantir a continuidade das operações internacionais em um cenário de alta imprevisibilidade”, destaca o presidente Ricardo Alban.
Epostas pelo governo americano:
Agroindústria: castanhas-do-pará, suco e polpa de laranja, frutas processadas;
Máquinas e equipamentos: compressores, motores, geradores, bombas, válvulas, peças industriais;
Aeronáutica: partes de aeronaves civis, drones, turbojatos, hélices, instrumentos de navegação;
Produtos químicos e minerais: ceras mineirais/sintéticas, derivados de petróleo, fertilizantes, minérios (ferro, níquel, silício, manganês, estanho);
Eletrônicos e tecnologia: telecomunicações, roteadores, monitores, baterias, circuitos impressos;
Energia e elétrica: transformadores, disjuntores, UPS, sistemas de iluminação e controle.
Outros setores: borracha vulcanizada, plásticos técnicos, fibras têxteis, papel e celulose, madeira tropical, cortiça, móveis industriais.
Deu em Forbes
Descrição Jornalista