Saúde 30/07/2025 15:11

Novo estudo propõe melhor receita para manter o cérebro jovem; conheça

Cientistas revelaram as evidências mais fortes até agora de que uma combinação de dieta regrada, exercícios físicos e treinamento cerebral pode melhorar o pensamento e a memória da população idosa.

Um experimento com mais de 2.100 pessoas identificou que aquelas que adotaram um regime de estilo de vida saudável não apenas melhoraram as suas habilidades mentais, mas também pareceram reduzir os declínios habituais associados ao envelhecimento – como os riscos de demência.

“Essas pessoas estão obtendo pontuações de função cognitiva semelhantes àqueles apresentados por pessoas um a dois anos mais novas do que elas”, afirma Laura Baker, uma das principais autoras do estudo, em entrevista à NPR.

A iniciativa faz parte do estudo dos Estados Unidos para proteger a saúde do cérebro por meio de intervenção no estilo de vida para reduzir riscos (US POINTER).

Seus resultados preliminares foram compartilhados na segunda-feira (28) na revista científica Journal of the American Medical Association. A publicação ocorreu de forma simultânea à apresentação dos responsáveis pelo projeto nesta edição da Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, que acontece em Toronto, no Canadá.

Mudanças de hábitos

O estudo US POINTER foi limitado a pessoas de 60 a 79 anos que tinham memória e pensamento normais, mas apresentavam risco elevado a quadros de declínio cognitivo e Doença de Alzheimer.

Os voluntários eram todos sedentários, sem uma rotina de fazer exercícios regularmente e com uma dieta abaixo da ideal em termos de nutrição.

Metade dos participantes foi solicitada a criar seu próprio plano para comer melhor e se exercitar mais.

A outra metade entrou em um plano intensivo e altamente estruturado, que incluía exercícios aeróbicos quatro vezes por semana, adesão a uma dieta mediterrânea saudável para o coração, treinamento cognitivo on-line, atividades sociais obrigatórias e monitoramento da pressão arterial e do açúcar no sangue.

Depois de dois anos desde o início do experimento, foi possível notar que ambos os grupos melhoraram nos testes de memória e cognição. No entanto, o grupo que seguiu o regime mais intensivo se saiu notavelmente melhor nos testes.

“Embora difícil de seguir, o regime intensivo foi transformador para muitos participantes. A maioria conseguiu fazer mudanças substanciais e duradouras, graças ao coaching, supervisão e muito incentivo”, explica Baker.

“Não há como criar um novo hábito ou mudar um comportamento sem um trabalho intencional e regular”.

Tais resultados são consistentes com descobertas anteriores de um estudo finlandês menor, que envolveu uma população menos diversa. Eles também são consistentes com décadas de pesquisa que sugerem que intervenções isoladas, como exercícios, podem reduzir as alterações cerebrais e cognitivas associadas ao envelhecimento.

Continuação do estudo

Estima-se que a Associação de Alzheimer gastou quase US$ 50 milhões (cerca de R$ 280 milhões) na realização do US POINTER. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) investiram uma quantia ainda maior para que muitos dos participantes passassem por exames cerebrais, exames de sangue e estudos do sono que, uma vez publicados, fornecerão informações adicionais.

Os resultados limitam-se a alterações no envelhecimento normal do cérebro, não à Doença de Alzheimer. Mas os cientistas acreditam que mudanças no estilo de vida que melhoram a cognição e reduzem a “idade cerebral” provavelmente atrasam a aparição dos sintomas típicos das demências, que incluem o Alzheimer, o Parkinson, a Demência Vascular, entre outros.

Por isso, a Associação de Alzheimer está planejando investir outros US$ 40 milhões (R$ 220 milhões) ao longo de quatro anos para implementar o que aprenderam com o US POINTER.

“A tradução da prescrição do estudo para a forma como a entregamos à comunidade é, sem dúvida, o próximo passo”, aponta Heather Snyder, coautora da pesquisa e vice-presidente da Associação de Alzheimer.

Assim, a ideia é introduzir as recomendações de mudanças no estilo de vida nas consultas e avaliações clínicas. E, nesse processo, um passo bastante importante diz respeito à adesão dos provedores de assistência médica do país. Os médicos e os convênios precisam tratar as mudanças com a mesma seriedade de um medicamento ou uma terapia.

Outro impulso à implementação poderia vir dos resultados de estudos ainda em andamento.

Estes incluem análises de tomografias cerebrais e exames de sangue que indicam se a melhora cognitiva de uma pessoa foi acompanhada por mudanças mensuráveis na saúde cerebral. A previsão é que esses resultados sejam publicados ainda este ano.

Deu em Galileu
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista